Grande promessa do ano, a série Bel-Air, versão dramática de Um Maluco no Pedaço, enfrenta um problema grave nos bastidores. A complicação se dá justamente na base da atração, na busca por definir a identidade da série e determinar qual deve ser o estilo da narrativa. Isso acarretou em mais uma troca de showrunner, a pessoa responsável por liderar a produção atrás das câmeras. O drama nem estreou a segunda temporada e já foram três mudanças de showrunners.
A produtora e roteirista Carla Banks-Waddles assumiu o posto de comandante de Bel-Air para a próxima leva de episódios, a quarta showrunner. Todas as demissões e saídas anteriores se deram por causa de diferenças criativas, o que resultaram em confusão sobre o ritmo e tom da trama, assim como roteiros jogados no lixo e regravações de cena, aumentando o custo da produção.
A saga dos showrunners em Bel-Air
Lá quando o projeto ainda estava engatinhando, Chris Collins era o showrunner, premiado pela série The Wire e com passagem por Sons of Anarchy. Ele entrou em conflito com os executivos do streaming Peacock, que disponibiliza a série nos Estados Unidos, por não concordar sobre a estrutura almejada para a série.
A visão de Collins era fazer de Bel-Air um drama denso, como se fosse cria de canais premiums (como HBO) ou de streaming tipo Netflix. Contudo, a plataforma do grupo NBCUniversal queria uma Bel-Air mais light, copiando o modelo de dramas da TV aberta americana. Não rolou acordo e Collins saiu em dezembro de 2020.
No lugar dele entrou Dianne Houston, única mulher negra indicada ao Oscar de direção, que já trabalhou no hit Empire. Ela largou o projeto no ano passado por bater cabeça com a direção do Peacock.
Assim, o streaming contratou os inexperientes T.J. Brady e Rasheed Newson, se livrando de showrunners rodados. A ideia era que a dupla fosse mais receptiva às sugestões que viriam de cima. Eles aceitaram e fizeram a primeira temporada, que no final das contas gerou um mix de impressões, não sendo aquele sucesso estrondoso esperado (mas também não foi uma tragédia, acabou sendo entregue uma série boa de ser assistida).
A tal das diferenças criativas entrou de novo em cena. Esse foi o motivo da ruptura entre o Peacock e o estúdio de televisão da Universal com T.J. Brady e Rasheed Newson.
Então, a solução para tapar esse buraco veio de casa. Carla Banks-Waddles, que tem contrato com a Universal e bateu cartão em Bel-Air como produtora, foi promovida. Ela assinou o roteiro de um episódio da primeira temporada. Carla já trabalhou como produtora e roteirista de Good Girls e Truth Be Told.
Após tantas trocas no cargo mais importante de uma série, o que será de Bel-Air? A segunda temporada foi encomendada antes mesmo da estreia, logo ela deve ganhar vida. Mas fica a dúvida sobre o futuro da atração depois disso.
A torcida é para que o drama encontre um rumo firme e não saia dos trilhos. Mas isso vai depender de entendimento entre a parte criativa da série e o setor executivo da empresa dona da atração.
No Brasil, Bel-Air está disponível no Star+.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br