Néro: série intensa da Netflix e o veredito que você precisa saber

Vem da França o mais novo drama de época da Netflix. E a viagem para o passado é longa, aterrissando no século 16. A série Néro acompanha o personagem titular, interpretado por Pio Marmaï, que após ser traído por seu mestre e entregue a uma bruxa misteriosa, precisa encontrar Perla (Lili-Rose Carlier Taboury), a filha que abandonou no nascimento.

Apresentando um protagonista tipicamente anti-herói, a série Néro explora um universo sombrio e caótico, no qual a fidelidade histórica é deixada em segundo plano. O resultado é uma narrativa intensa, com diálogos afiados e ritmo cinematográfico, que mergulha o espectador em um mundo violento e imprevisível.

Conheça a trama de Néro
A história tem início em 1504, quando o sul da França sofre com uma seca devastadora. Nesse cenário de miséria, Néro trabalha como matador de aluguel para o poderoso conselheiro Rochemort (Louis-Do de Loncquesaing). 

O político ambiciona expandir seu domínio por meio de um casamento arranjado da filha, Hortense (Alice Isaaz), ao mesmo tempo em que planeja derrubar seu superior, Lamartine. 

Paralelamente, o Vaticano descobre uma profecia demoníaca que prevê a possessão do corpo de uma criança. A escolhida do destino é justamente Perla, a filha adolescente que Néro abandonou anos antes em um orfanato supervisionado por um padre (Olivier Gourmet).

Quando os planos de Rochemort e os desígnios religiosos se cruzam, a trama se transforma em uma fuga eletrizante. Néro precisa proteger a filha das forças que a perseguem, enfrentando fanáticos religiosos que espalham terror por vilas e fortalezas. No caminho, o anti-herói se vê cercado por aliados improváveis e dilemas morais que testam seus limites.

Mesmo quando flerta com o sobrenatural, como na aparição de Camille Razat (a Camille de Emily in Paris) no papel de uma bruxa de um olho só, a série mantém a seriedade e evita o humor gratuito, optando por uma construção sólida de personagens e relações.

No centro da narrativa estão dois vínculos paternos opostos: o de Rochemort e Hortense, corroído por manipulação e ambição, e o de Néro e Perla, que nasce do instinto de sobrevivência e evolui para algo próximo da redenção. Esse contraste sustenta a força emocional da obra, que, mesmo em meio à brutalidade e ao caos, encontra espaço para momentos de empatia. •

João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br