A sul-coreana Jeon Jong-seo, dona de carreira premiada e destacada, chegou ao ápice com uma atuação nota 10 na difícil série Barganha (Paramount+). Sua personagem vai da inocência à crueldade, de vilã a heroína, sem esquecer das mentiras e manipulações que arma para se safar. Tudo isso envelopado em planos-sequências recheados de discursos e diálogos travados em cenas com mais de dez minutos sem qualquer corte.
Barganha é o ponto alto de uma carreira em ascensão. Tudo bem que o começo já foi um estouro. Jeon Jong-seo foi premiada logo no seu primeiro trabalho como atriz, no aclamado longa coreano Em Chamas (disponível no streaming À La Carte), de 2018. Isso a colocou sob os holofotes, tendo assim a árdua missão de fazer com que o próximo passo fosse para subir um degrau.
A pressão só aumentou após cravar um espaço na prestigiada lista anual da revista The Hollywood Reporter apontando as 15 principais revelações internacionais de 2018. Ela foi descrita como a alma do filme Em Chamas, sendo reforçado que aquele era sua primeira atuação; e foi confirmado no papel logo após o primeiro teste.
Depois de mais alguns filmes, como A Ligação (Netflix), Jeon Jong-seo estreou no mundos das séries no remake coreano de La Casa de Papel. Ela sentiu o peso de reinventar uma personagem tão marcante da versão original espanhola, a Tóquio (vivida por Úrsula Corberó). Entregou apenas uma atuação OK, ofuscada por outros atores do elenco.
O triunfo de Jeon Jong-seo em Barganha
No insano k-drama Barganha, a atriz de 29 anos mostra ser uma verdadeira protagonista. A transição vista logo no primeiro episódio reforça muito bem isso. Quando o telespectador conhece Park Joo Young (Jeon), ele acredita que ali está uma adolescente prestes a embarcar em uma aventura fora do comum. Dizendo ser virgem, estudante no ano final do ensino médio, ela negocia vender sua virgindade por mil dólares.
Acontece que a moça criou essa personagem inocente para esconder seu verdadeiro propósito: atrair um homem e submetê-lo a um leilão macabro no qual ele próprio é o alvo dos lances. Park, então, se transforma em uma mulher que ajuda a movimentar uma rede de tráfico de órgãos que vende de olho a rim na base do quem paga mais.
Barganha chama a atenção pelos planos-sequências espetaculares. Para um ator isso é muito complicado, ter de falar sem parar durante minutos e minutos. Não pode errar uma palavra, um gesto, um posicionamento… E Jeon tira isso de letra.
Destaque-se o comando que ela tem da cena principalmente quando está leiloando os órgãos do cara que pensava que iria tirar a virgindade dela. Sem hesitação, determinada, a atriz se porta como uma craque que veste a camisa 10 em um campo de futebol. Controla a bola e dita o ritmo do ataque.
Nas cenas de ação, Jeon também zera sua performance. Nessas situações, quando a tensão aflora, ela faz com que sua personagem ganhe outras camadas, indo da pessoa se fazendo de desentendida até uma manipuladora voraz.
Barganha tem muitos elementos que são atraentes, da narrativa cabulosa a uma direção ímpar. Jeon Jong-seo, inquestionavelmente, é um pilar do k-drama surreal. A atriz reforça o apelo da série e repete o que fez no filme Em Chamas, sendo a alma da história.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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