MEMÓRIA DA TV

Morta aos 34 anos: a história trágica de Dana Plato, a Kimberly de Arnold

Estrela mirim dos anos 1970 e 1980 teve uma trajetória de vida melancólica
DIVULGAÇÃO/NBC
Dana Plato como Kimberly na sitcom Arnold
Dana Plato como Kimberly na sitcom Arnold

Querida por muitos brasileiros, a sitcom Arnold, disponível de graça na Pluto TV, completa 45 anos nesta sexta-feira (3). Boa parte do elenco principal viveu histórias pessoais tristes após o final da série, em 1986. Mas nada se compara à tragédia que ceifou a vida de Dana Plato, a graciosa Kimberly, morta tão precocemente aos 34 anos. Estrela mirim da TV, ela mergulhou em um espiral de vícios, prisões e destruição. Tinha tudo para brilhar constantemente durante décadas e décadas, porém a força do mal levou a melhor.

Dana Plato lutou contra vícios, de medicamentos a bebidas. Depois de muitas tentativas de se livrar dessas químicas que a dominavam, ela não conseguiu resistir mais. Em 8 de maio de 1999, a atriz foi encontrada morta em seu trailer, um dia depois de aparecer em um talk show exibido em rede nacional americana, na Fox, onde tentou mostrar que estava bem. A morte, fichada inicialmente como acidental, foi confirmada como suicídio.

A carreira de Dana Plato

Antes de entrar em Arnold, no mesmo ano de 1978, Dana Plato teve seu trabalho de revelação no filme California Suite, vencedor de Oscar e que contou com nomes do nível de Alan Alda, Michael Caine, Jane Fonda e Maggie Smith.

Dana foi alçada à estrela teen da TV americana e mundial, reconhecida em todos os cantos, pelo papel de Kimberly Drummond na sitcom Arnold, no Brasil impulsionada pelo SBT. A personagem era a filha única do viúvo ricaço Phillip Drummond (Conrad Bain) e se portava como a irmã adotiva carinhosa e protetora de Willis (Todd Bridges) e Arnold (Gary Coleman).

A derrocada da carreira e vida pessoal começou quase simultaneamente. Em 1983, ela ficou grávida e, logo após dar à luz, foi demitida de Arnold, com sua personagem simplesmente saindo da trama. Os produtores achavam que não pegava bem tê-la em uma sitcom de família; ela já enfrentava problemas com drogas naquela época.

Depois da demissão, Dana Plato não se firmou como atriz hollywoodiana, apuro que só complicou a sua vida pessoal. No final dos anos 1980, ela entrou numa fase do nível topo-tudo-por-dinheiro, resultando em ensaio nu para a Playboy e aceitando papéis em filmes do cinema lado B, alternativo. Dali, foi um passo para entrar na indústria pornográfica, estrelando filmes eróticos e explícitos, incluindo cenas de sexo lésbico.

Um desses filmes eróticos foi uma sátira da própria Arnold, fazendo ligação com a personagem Kimberly. Durante a década de 1990, Dana não media muito os seus passos profissionais, entrando em projetos de gosto duvidoso. 

Chegou a participar de um filme, chamado Desperation Boulevard (1998), no qual interpretou a si mesma em trama que imitava sua caminhada. A protagonista era uma ex-estrela mirim na tentativa de recuperar sua popularidade em Hollywood. Foi um dos seus últimos trabalhos.

Dana Plato com Gary Coleman (à esq.) e Todd Bridges; atores de Arnold
Dana Plato com Gary Coleman (à esq.) e Todd Bridges; atores de Arnold

A vida pessoal de Dana Plato

Filha de mãe adolescente, Dana Plato foi adotada quando tinha apenas sete meses. A família que a acolheu logo passou por um divórcio, afetando ainda mais sua criação. Somente adulta, bem depois da fama, que ela reencontrou a mãe biológica, ação patrocinada por um programa de TV.

Dana passou a ser manchete de reportagens policiais após deixar Arnold e perder o rumo. Em 1991, o vício a dominava de tal maneira que tomou a decisão desesperada de roubar poucos doláres de uma videolocadora. A atriz tinha perdido quase todo dinheiro que ganhou em Hollywood após um contador sumir com boa parte de sua fortuna.

Um ano antes, ela se divorciou do marido, o guitarrista Lanny Lambert, e perdeu a custódia do filho.

Se no passado Dana era capa de revistas teens celebrando sua fama e estrelato, agora ela estava no centro de um debate sobre o amadurecimento de estrelas mirins hollywoodianas, assunto constante na imprensa. Afinal, muitos desses garotos e garotas têm uma vida adulta turbulenta.

Pelo roubo na locadora, a jovem pegou cinco anos de liberdade condicional. No ano seguinte, em 1992, ela foi presa novamente, por forjar uma receita médica; ficou 30 dias atrás das grades. Dali em diante, Dana se aprofundou na pobreza e desemprego.

A atriz aparecia em muitos programas da TV americana, principalmente os mais sensacionalistas, para contar sua história. Em um deles, The Maury Povich Show, disse que estava muito bem, longe das drogas, feliz… Mas mentiu.

Ela retornou ao mesmo programa para admitir que, na verdade, estava na pior (isso em 1992, após sua segunda prisão). A internet possibilita coisas incríveis, como ver essa entrevista mais de três décadas depois. Dá para sentir que, realmente, ela estava sofrendo, machucada por dentro, clamando por alguma ajuda.

A internet também proporciona a disponibilidade da entrevista fatídica que Dana concedeu a Howard Stern, exibida um dia antes de sua morte. No programa, ela falou de seus problemas financeiros e com a Justiça, mas afirmou que estava sóbria há dez anos, colocando-se à disposição para fazer um teste para provar isso, inclusive.

Porém, alguns participantes, que ligaram para o programa, insultaram Dana, questionando a sobriedade dela. A atriz ficou um pouco desestabilizada no ar por causa desses ataques.

No dia seguinte, Dana Plato tirou a própria vida tomando overdose de remédios.

Em maio de 2010, perto do Dia das Mães e dois dias antes do 11º aniversário da morte de Dana, seu filho, Tyler, cometeu suicídio. Ele tinha 25 anos.

Se você ou alguém próximo precisa de ajuda psicológica, procure o CVV (Centro de Valorização da Vida). Telefone gratuito: 188. Site: https://www.cvv.org.br/


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