Indicado a quatro Oscars, o cineasta David Lynch morreu aos 78 anos. Em 2024, ele revelou que foi diagnosticado com enfisema, após uma vida inteira como fumante de cigarro. Segundo informações da imprensa americana, Lynch precisou deixar sua casa devido aos incêndios florestais que destroem a região de Los Angeles. Isso fez o estado de saúde dele piorar.
A família do roteirista e produtor publicou um comunicado, nesta quinta-feira (16), no Facebook do próprio David Lynch, junto a uma foto com ele mexendo em uma guitarra:
“É com profundo pesar que nós [família] anunciamos o falecimento do homem e artista, David Lynch. Gostaríamos de ter um pouco de privacidade neste momento. Há um grande buraco no mundo agora, pois ele não está mais conosco.”
Visionário e excêntrico, dono de um estilo único e surrealista, David Lynch foi um cineasta completamente inovador, se destacando dos demais. Nascido em 20 de janeiro de 1946, no interior dos Estados Unidos (Montana), ele começou a dirigir nos anos 1960, fazendo curtas-metragens. Sua carreira decolou na década de 1980, se tornando um dos nomes mais prestigiados e aplaudidos de Hollywood.
Ele resolveu se aventurar no mundo da TV na virada daquela década, época na qual a “telinha” era a prima pobre da “telona”. Não era comum personalidades consagradas do cinema investirem em séries televisivas. Foi quando, com Mark Frost, criou a delirante e bizarra Twin Peaks, um marco histórico lançado em 1990.
A trama misturou história de detetive, ficção científica, dramas novelescos, mistério e aventura em uma coisa só. E surgiu a pergunta que hipnotizou o mundo inteiro: Quem matou Laura Palmer (Sheryl Lee)?
Buscando a resposta, Dale Cooper (Kyle MacLachlan), peculiar e brilhante agente do FBI, adentrou a cidadezinha e acabou adotando-a. Ao longo do caminho, Cooper descobriu muitos mistérios em Twin Peaks, um bom número deles envolvendo o sobrenatural.
Twin Peaks durou duas temporadas (1990 e 1991). David Lynch decidiu, 26 anos depois, fazer uma terceira leva. Em 2017, foi lançada a minissérie Twin Peaks: O Retorno (tratada, na prática, como a terceira temporada). Ele fez tudo nesse projeto, sendo produtor, diretor e roteirista. O resultado final foi brilhante, recebendo elogios da mídia especializada.
Lynch construiu uma carreira marcada por obras que exploram as profundezas do inconsciente, misturando elementos oníricos, misteriosos e, por vezes, perturbadores. Sua abordagem artística o tornou um dos diretores mais influentes e enigmáticos do cinema contemporâneo. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
