Na última terça-feira (29), o drama Queen Sugar terminou após sete temporadas. A elogiada atração do canal da Oprah, o Oprah Winfrey Network (OWN), nunca foi exibida no Brasil. Trata-se da melhor série que, infelizmente, você não assistiu (por meios legais, obviamente). Por ser distribuída internacionalmente pela Warner Bros., é estranho essa negligência com uma produção que merecia melhores cuidados.
A fusão entre Warner Bros. e Discovery abriu uma janela que facilitaria a entrada de Queen Sugar no território tupiniquim. Isso porque o OWN fazia parte do conglomerado Discovery e foi anexado à nova empresa, batizada simplesmente de Warner Bros. Discovery. O caminho está livre para o drama ser incluso no novo streaming, que juntará atrações da HBO Max e do Discovery+.
É curioso como outras produções originais do OWN estão disponibilizadas em streamings rivais no Brasil, com Queen Sugar sendo ignorada. A comédia dramática Amar É… (2018; Love Is), assinada pela Warner Bros., pode ser vista no Globoplay. E o drama religioso Greenleaf (2016-2020), realização da Lionsgate, faz parte do catálogo da Netflix.
A beleza de Queen Sugar
Criação de Ava Duvernay (do filme Selma) e lançada em setembro de 2016, Queen Sugar chamou a atenção logo de cara. A narrativa apostou em uma base segura e convencional, irmãos que precisam administrar a herança do pai morto, mas inseriu um ambiente raro de ser ver na TV, a rotina da vida rural nos Estados Unidos, especificamente de fazendeiros pretos na preconceituosa região sul do país.
Queen Sugar acompanhou a rotina de três irmãos no interior do Estado de Louisiana. Nova Bordelon (Rutina Wesley) é uma formidável jornalista e ativista em Nova Orleans. Por sua vez, Charley (Dawn-Lyen Gardner) é casada e mãe, morando e trabalhando em Los Angeles, no outro lado dos EUA. E o irmão delas, Ralph Angel (Kofi Siriboe), é pai solo e ex-presidiário lutando contra o desemprego.
O pai do trio morreu recentemente e, em um gesto inesperado, deixou uma fazenda de cana-de-açúcar de 800 acres, partilhada em igual proporção para cada um dos três. Por causa de um escândalo sexual envolvendo o marido, um jogador de basquete, Charley se separa dele e vai para Louisiana com o objetivo de administrar a fazenda.
Com roteiro impecável e direção cirúrgica (esta última função sempre entregue a mulheres), Queen Sugar excedeu em várias áreas. Nos aspectos técnicos, o destaque foi a fotografia belíssima, imprimindo o ar tão peculiar da zona rural, mostrando o dia a dia de quem trabalha e mora no campo.
A atuação de todo o elenco na série esteve entre os pontos altos. A produção teve o cuidado de permitir que cada ator e atriz tivesse momentos para brilhar nos episódios, com monólogos emocionantes ou cenas intensas dignas de aplausos.
Temas como sistema prisional, violência policial, passado escravocrata, racismo no campo e misoginia, marcaram presença em Queen Sugar. Nunca houve panfletagem ou busca por lacração gratuita. Assuntos polêmicos foram minuciosamente bem abordados, com equilíbrio e sensatez, expondo com detalhes o que estava por trás de todos eles.
E, de tantos legados que a série deixa, está o de ser o drama com protagonistas pretos mais longevo da história da TV americana. Como raras produções na acirrada era da TV no Auge (Peak TV), Queen Sugar sobreviveu em um canal pago sem tradição no mundo das séries e colocou o ponto final na trama nos seus próprios termos.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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