
Reconhecido e premiado por atuações marcantes em séries dramáticas, Matt Bomer precisava trabalhar em uma comédia para dar um pouco de risada. A decisão tomada de aceitar atuar em Modernos de Meia Idade, nova sitcom gay disponível (completa) no Disney+, veio como um descarrego, principalmente para tirar o peso do papel vivido na cortante e pesada minissérie Companheiros de Viagem (Paramount+).
O ator falou sobre isso em entrevista ao jornal Los Angeles Times. “Sou incrivelmente grato por ter conseguido viver personagens lindos que exploraram a repressão”, comentou. “Eu não trocaria isso por nada no mundo e espero poder fazer mais deles algum dia. Mas, depois de Companheiros de Viagem, parei para pensar e cheguei à conclusão: ‘Tenho que fazer comédia. Tenho que rir. Preciso de alegria’.”
Lançada em 2023, Companheiros de Viagem se destacou pela sua história profunda. O drama romântico e político explora um período sombrio, nos Estados Unidos dos anos 1950, para pessoas homossexuais. O FBI, a polícia federal americana, passou a perseguir gays e lésbicas, principalmente dentro do governo, em nome da segurança nacional e com aval da Casa Branca e do Congresso.
Bomer interpretou Hawkins ‘Hawk’ Fuller, um veterano de guerra que trabalhava na cúpula do governo americano. Ele escondia sua homossexualidade num casamento hétero tido como exemplar. Já em Modernos de Meia Idade, o ator ganhou um papel bem mais light, integrante de um trio de amigos gays que passam a viver sob o mesmo teto após a morte de um colega em comum; a atração recebeu o rótulo de “Supergatas gay”, referência à clássica sitcom The Golden Girls (1985-1992).
Curiosamente, Matt Bomer revelou que, na vida pessoal, ele é tido como comediante entre a sua turma. “Tenho amigos com quem estudei na faculdade que ficaram chocados quando comecei a trabalhar imediatamente em drama”, contou. “Eles ficaram tipo, ‘Uau, o que está acontecendo?’.”
Ele estourou internacionalmente com a comédia dramática White Collar (2009-2014), típica narrativa policial procedural da TV americana. De fato, Bomer passou a caminhar sob os holofotes hollywoodianos após emplacar personagens dramáticos.
Todas as suas indicações nos maiores prêmios da TV são por dramas:
- The Normal Heart (telefilme da HBO, 2014): ganhou o Critics Choice e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante; indicado ao Emmy.
- Companheiros de Viagem: indicado ao Critics Choice, Globo de Ouro, Emmy e SAG Awards.
Fora isso, tem a ótima performance na terceira temporada de The Sinner, na pele de um professor universitário envolvido em um acidente trágico.
Daí surgiu Jerry, seu personagem em Modernos de Meia Idade, um mórmon que encara todos os dias com muita disposição, alegria que pode ser contagiante ou irritante, dependendo do ponto de vista do interlocutor. “Jerry é o tipo de personagem que, por fora, é bastante gracioso, gentil e positivo… Mas, internamente, ele pode desmoronar muito facilmente”, explicou.
“Então, ter um personagem que me forçou, pelo menos por um certo tempo todos os dias, a manter meu coração aberto e olhar as coisas pelo lado positivo e permanecer entusiasmado foi realmente terapêutico”. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br