ATIVISTA

Lidia Poët: conheça a história real da série italiana imperdível da Netflix

As Leis de Lidia Poët segue a jornada heroica da primeira advogada da Itália
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Matilda De Angelis na minissérie As Leis de Lidia Poët
Matilda De Angelis na minissérie As Leis de Lidia Poët

Com uma reconstituição de época impecável e apresentando uma história que todo mundo precisa conhecer, a minissérie italiana As Leis de Lidia Poët é imperdível (drama policial e jurídico). Lançada nesta semana e composta de seis episódios, a atração é baseada em fatos reais e narra a jornada de Lidia Poët (Matilda De Angelis), a primeira advogada da Itália. Ela luta por direitos iguais entre mulheres e homens, isso no final do século 19, quando as batalhas contra o machismo e patriarcado eram muito mais árduas em comparação à contemporaneidade.

A minissérie tem início em 1883. Nesse momento, Lidia Poët era uma advogada formada e aprovada na Ordem dos Advogados do país da bota. Ela estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Turim, pegando o diploma em junho de 1881. Nos dois anos seguintes, ela trabalhou como assistente em tribunais e auxiliou um escritório tratando de assuntos forenses.

Quando foi admitida pela Ordem, em agosto de 1883, a advogada recebeu aprovação de 45 (de 50) votantes. Ou seja, aceita por ampla maioria. Contudo, quando passou a trabalhar de fato como advogada, transitando em espaços completamente dominados por homens, ela foi mal vista, sofreu todo tipo de preconceito, ouviu comentários misóginos… até culminar na posição direta do Advogado-Geral da Itália, então uma monarquia, contra Lidia Poët.

Conforme a produção mostra, ela foi rejeitada pelo fato de ser mulher. Questões fora do escopo, como vestimenta e comportamento feminino, fizeram parte da argumentação que retirou o direito dela de exercer a advocacia, martelo batido em novembro de 1883, três meses após a jovem ganhar a carteirinha da Ordem.

Sem dinheiro, mas cheia de orgulho, Lidia passou a trabalhar no escritório de advocacia do condescendente irmão Enrico (Pierluigi Pasino). Em paralelo, elaborava um recurso para tentar anular a decisão judicial. 

Dotada de uma visão à frente de seu tempo, ela buscava a verdade encoberta pelas aparências e preconceitos para ajudar pessoas suspeitas de crimes. Lidia se dedicou a ajudar quem foi falsamente acusado de algum delito, pessoa sentenciada dentro de um regime para lá de rígido, inserida dentro de um sistema jurídico absolutamente patriarcal.

De jovem suspeito de matar uma bailarina a anarquista acusada de assassinato, Lidia não cessou em ajudar os mais necessitados e excluídos da sociedade, como mostram os episódios da minissérie da Netflix.

Retrato de época da advogada Lidia Poët
Retrato de época da advogada Lidia Poët

Lidia Poet e a luta por reconhecimento

A perseguição contra a advogada foi o estopim de um movimento na Itália para quebrar barreiras que impediam mulheres de trabalharem em lugares públicos. A visão do regime governamental ecoava nas ruas e nos lares. O entendimento geral era que a mulher tinha um lugar na sociedade sim, mas dentro de casa cuidando de afazeres domésticos.

A opinião pública, mais progressista, apoiava a inclusão da mulher na força de trabalho italiana, exercendo qualquer profissão. Por isso a minissérie traz a visão da imprensa com um personagem jornalista, o Jacopo, vivido por Eduardo Scarpetta (My Brilliant Friend).

Nunca deixando de lado a advocacia, Lidia foi uma ativista em várias frentes. Ela teve um papel fundamental na Itália, agora já no começo do século 20, trabalhando em organizações voltadas à luta pelo direito penitenciário; foi reconhecida internacionalmente por isso.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), atuou como enfermeira junto à Cruz Vermelha. E somente em 1920, dois anos após a Grande Guerra, Lidia Poët foi readmitida na Ordem dos Advogados, aos 65 anos de idade

Nessa fase da vida, ela não optou pelo descanso. O ativismo seguia firme e forte. Em 1922, se tornou presidente da comissão que brigava pelo direito da mulher ao voto. Apenas em 1946, após um referendo, que as mulheres italianas tiveram permissão para votar. Lidia viu isso se concretizar; ela morreu, aos 93 anos, em 2 de fevereiro de 1949.


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