40 anos de Lady Blue, série proibida e indisponível por ser muito violenta

Lançado em 15 de abril de 1985, há 40 anos, o drama policial Lady Blue tem um lugar na história da TV. A série americana sobre uma mulher detetive, que usava métodos agressivos ao lidar com casos na cidade de Chicago, acabou cancelada após uma única temporada, em janeiro de 1986, devido a críticas por suas cenas rotuladas como demasiadamente violentas, para os padrões televisivos da época. Até hoje, a série nunca foi lançada em DVD ou Blu-ray, assim como nunca esteve disponível em nenhum tipo de streaming.

A rede ABC exibiu Lady Blue nos Estados Unidos. De início, foi ao ar no horário nobre e no principal dia da semana, pelo ponto de vista do ibope, às quintas. Acontece que a trama foi bastante criticada negativamente por diversas organizações militantes que vigiavam o tipo de conteúdo exibido na TV. Isso inflamou parte do público e da mídia, levando a emissora do grupo Disney a mudar o dia de exibição, indo para o sábado à noite (dia mais fraco de audiência) antes de apertar o botão do cancelamento após 14 episódios.

Dona do drama policial, a MGM não tem intenção nem de disponibilizá-lo em alguma plataforma (como no Prime Video) nem de produzir um remake. O que há de registro são episódios piratas catalogados no YouTube, com péssima qualidade de imagem e som.

A trama de Lady Blue

Lady Blue girou em torno da detetive Katy Mahoney, interpretada por Jamie Rose, uma policial de Chicago conhecida por seu estilo explosivo, jeito pouco ortodoxo e por não hesitar em recorrer à força letal quando necessário. 

Bem no primeiro episódio, por exemplo, Mahoney testemunhou um assalto a banco e atirou contra os bandidos, matando três deles. Ela assassinava meliantes mesmo quando estavam rendidos, à queima-roupa, provocando debates sobre sua moralidade.

Katy era uma figura intensa, com uma personalidade dura, sarcástica e altamente determinada, que lutava contra o crime com firmeza implacável; muitas vezes contrariando a autoridade e os protocolos da polícia.

Naquele tempo, em meados dos anos 1980, Mahoney rompeu os estereótipos femininos pela agressividade e violência, características normalmente associadas a detetives masculinos em séries policiais. Ela se destacava por sua competência e coragem, embora sua tendência a agir por impulso a colocasse em conflito com seus superiores.

O clima da atração era pesado, abordando temas como crime organizado, tráfico de drogas, corrupção policial e justiça pelas próprias mãos. Isso era exibido na TV aberta, apesar de tais aspectos casarem melhor, pensando pelo olhar de hoje, em produções de canais pagos ou presentes em streamings. 

Os episódios frequentemente apresentavam sequências de ação intensas, perseguições, tiroteios e investigações criminais complexas, nas quais Mahoney se envolvia emocionalmente com os casos e com as vítimas.

A despeito de a personagem ter sido elogiada por quebrar barreiras de gênero e representar uma mulher forte em posição de poder, Lady Blue foi acusada de glorificar a violência. •

João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br