
Série essencial de todo plantel da Marvel, Jessica Jones completa 10 anos nesta quinta-feira (20). O drama estrelado por Krysten Ritter, programa original da Netflix e atualmente disponível no Disney+, é um marco por apresentar uma jornada fora do comum sobre o universo de heróis, apostando em uma estética noir impecável e irresistível, com uma narrativa que bebe da fonte das melhores histórias de detetives.
Ao longo de três temporadas (2015-2019), Jessica Jones consolidou-se não apenas pelo conflito típico heroína-vilão das produções da Marvel, mas pela disposição em encarar temas incômodos: controle mental, abuso, transtorno pós-traumático e raiva nua-e-crua. Tudo isso foi abordado com seriedade dramática e nuance psicológica.
Em celebração a essa data importante, o Diário de Séries lista cinco motivos que fazem valer a pena rever (ou ver pela primeira vez) esse drama espetacular que é um ponto fora da curva quando o assunto são séries sobre heróis; confira:
Protagonista fora do molde
Krysten Ritter, no papel da detetive Jessica Jones, constrói uma personagem complexa, endurecida, sarcástica e vulnerável, cuja formação humana supera o rótulo simplista de “super-heroína”. Sua performance equilibra ironia e fragilidade, fazendo de Jessica uma figura reconhecível e perturbadora, capaz de carregar sozinha boa parte do peso narrativo da série.
Antagonista memorável
Kilgrave, vivido por David Tennant, não é só mais um vilão com poderes extraordinários, mas uma presença psicológica cujo controle e perversidade transformam o conflito em um estudo de dominação moral. A interpretação de Tennant é um dos artifícios que tornam a trama hipnótica e incômoda.
Temas sérios abordados com sensibilidade
Diferentemente de muitas narrativas baseadas em quadrinhos, Jessica Jones assume a dor como eixo dramatúrgico. A série investe em retratar a recuperação, as recaídas e a ira legítima de quem sobreviveu ao abuso. Os episódios tratam disso com profundidade, oferecendo um olhar cuidadoso acerca desses tópicos, consolidando a atração como fator relevante dentro do cenário sociocultural da atualidade.
Atmosfera noir roxa
A configuração de detetive particular e a fotografia de contornos sombrios conferem ao drama uma atmosfera urbana e realista. A dimensão procedural alimenta o suspense e permite que o fantástico funcione como extensão de conflitos íntimos, não como espetáculo gratuito. E a cor roxa/púrpura tem papel fundamental em toda essa estética.
Relevância
Além do impacto crítico imediato, a série permanece em discussão. Sua influência nas narrativas femininas de gênero e a possibilidade de desdobramentos ou retornos mantêm Jessica Jones no radar, o que indica uma obra que ultrapassou o ciclo habitual de modismo televisivo. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



