De olho na próxima Game of Thrones, tudo que é streaming tentou adquirir os direitos para fazer séries ambientadas no mundo de O Senhor dos Anéis. No final das contas, o Prime Video derrotou a concorrência, mais pela ideia apresentada do que pelos dólares. Nesse leilão milionário, a Netflix apresentou um projeto ousado, de fazer atrações conectadas tipo Marvel. Mesmo oferecendo muito dinheiro, teve a proposta rejeitada.
A organização Tolkien Estate, órgão legal que administra as propriedades do escritor inglês J.R.R. Tolkien, autor da coleção O Senhor dos Anéis (1954-1955), ouviu interessados em adaptar obras da história para a TV, criar novas tramas ou até mesmo realizar regravações e reboots. Isso ocorreu em 2017.
Segundo o site The Hollywood Reporter, Netflix e Prime Video eram as mais agressivas nas propostas apresentadas. A gigante do streaming pensou grande, queria produzir várias séries dentro do mundo de O Senhor dos Anéis, fazendo uma sobre o Gandalf e outra sobre o Aragorn, por exemplo.
Em linhas gerais, o que a Netflix projetou era uma franquia de séries sobre O Senhor dos Anéis. Essa “abordagem tipo Marvel” da empresa assustou o pessoal da Tolkien Estate, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem. Isso apesar da oferta considerada absurda de US$ 250 milhões somente para adquirir os direitos de adaptação.
Esse valor, então colocado como pago pelo Prime Video, foi na verdade a oferta da Netflix, pelo o que o site informa. O streaming da Amazon desembolsou algumas dezenas de milhões de dólares a menos.
Fundador e presidente da Amazon, e fã de O Senhor dos Anéis, Jeff Bezos ordenou ao time do Prime Video que fosse feito o possível e o impossível para obter os direitos. Na visão do executivo, era essa a oportunidade da plataforma ter uma série grandiosa de alcance global, sem medo de fugir do rótulo de “nova Game of Thrones”. Bezos desejava repetir no mundo do entretenimento o mesmo impacto alcançado pela HBO com o drama dos dragões.
Curiosamente, a equipe do Prime Video não fez um pitch mirabolante. Eles conquistaram a cúpula do Tolkien Estate ao prometer que a organização teria participação direta no desenvolvimento da nova série, dando a oportunidade de zelar pelo legado de Tolkien, intervindo em alguma licença criativa caso fosse necessário.
Assim, o Prime Video saiu vencedor dessa disputa e, com acesso ao cofre da Amazon, produziu Os Anéis de Poder, a série mais cara de toda a história da televisão mundial.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br