
Na quinta-feira (17), entra na Netflix a ótima série Operação: Lioness (ou só Lioness), produção criada por Taylor Sheridan, o mesmo da franquia Yellowstone, e com selo original do Paramount+. A trama explora a movimentação de um programa da CIA, a agência de inteligência americana, cujo objetivo principal é treinar, administrar e liderar mulheres agentes secretas infiltradas em redes criminosas e terroristas ao redor do mundo.
O enredo segue os passos de Cruz Manuelos (Laysla De Oliveira, canadense com sangue brasileiro), jovem fuzileira naval recrutada para se juntar à chamada Equipe de Engajamento Lioness.
A missão é ajudar a derrubar uma organização terrorista com fogo amigo, sendo ela a oficial à paisana designada para fazer amizade com a filha de um terrorista notório. Sua missão é assassinar o pai da nova colega e evitar um grande ataque, tratado internamente como um possível novo 11 de Setembro.
Lioness, a história real
A base do que é visto na série Lioness é real; o restante faz parte da liberdade criativa da ficção (como inserir a CIA na história). De verdade, as Forças Armadas americanas criaram uma força-tarefa, ligada aos fuzileiros navais, composta por mulheres, durante os conflitos no Iraque e no Afeganistão, na chamada Guerra ao Terror, iniciada em 2001. Elas eram usadas para interagir com civis femininas em regiões onde normas culturais impediam que soldados realizassem buscas ou interrogatórios junto a mulheres locais.
Em ambas as guerras, não existiam campos de batalhas formais. Ou seja, ataques poderiam acontecer em qualquer lugar, orquestrados por qualquer pessoa. Então, os militares americanos precisavam ficar atentos a todo instante. Terroristas podiam ser homens ou mulheres, jovens ou idosos.
As fuzileiras ficavam, por exemplo, em postos de controle no Iraque e no Afeganistão para revistar fisicamente mulheres e capturar aquelas participantes de ações extremadas ou que abasteciam células terroristas. Isso era preciso ser feito, pois os soldados não podiam tocar em civis mulheres em nenhum dos países sem ofender as sensibilidades culturais e religiosas. De olho nessa brecha, organizações criminosas usavam mulheres ou homens disfarçados para escapar da vistoria e realizar os ataques planejados.
Dentro desse programa existiam, especialistas que mais se assemelham ao que vemos na série Lioness, integrantes dos FETs (sigla em inglês para Equipes de Engajamento Feminino). Para entrar nesse grupo seleto, era preciso realizar um treinamento árduo, consistindo em manusear armamento pesado, estudar cultura e idioma locais, aulas de artes marciais, estratégia para coletar informações de inteligência, entre outras especificidades.
Muitas soldadas dos FETs formavam relacionamentos com mulheres afegãs na tentativa de descobrir o que os homens próximos ou de sua família estavam, supostamente, tramando. Nesse tipo de interação, as militares americanas precisavam ser amigáveis com as mulheres afegãs por causa do interesse de coletar informações valiosas. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br