
O streaming Apple TV+ lança nesta sexta-feira (1º) uma série como nenhuma outra. Entram na plataforma os dois primeiros episódios de Chefe de Guerra, drama baseado em uma história real incrível sobre os indígenas do Havaí. O protagonismo é de Jason Momoa (Game of Thrones, Aquaman) e o elenco é formado, majoritariamente, por atores polinésios; Momoa é natural de Honolulu, capital do Havaí.
Chefe de Guerra ganha novos episódios semanalmente, sempre às sextas, até 19 de setembro.
Trata-se de uma narrativa emocionante e sem precedentes da unificação e colonização das Ilhas Havaianas no final do século 18. É a oportunidade de conhecer detalhes da história dos povos originários do Havaí, arquipélago localizado no Oceano Pacífico que oficialmente é um dos 50 Estados que formam os Estados Unidos.
Ao invés de ser toda falada em inglês, Chefe de Guerra faz uso do bem específico idioma havaino (ōlelo Hawai’i) para imprimir veracidade na história.
A história real de Chefe de Guerra (com spoilers)
Momoa encarna Ka’iana, figura pouco conhecida fora do arquipélago. Guerreiro e chefe de linhagem nobre, ele viveu no fim dos anos 1700, período de intensas transformações nas ilhas, marcadas pelo contato com europeus e pela consolidação de Kamehameha 1º como soberano do reino havaiano unificado.
Ka’iana era herdeiro de uma importante linhagem ali’i (nobre) e cresceu envolto nos rígidos códigos de honra e poder que regiam a sociedade havaiana tradicional. Mas foi sua curiosidade pelo mundo além das ilhas que o tornaria figura ímpar entre seus pares.
Por volta de 1787, Ka’iana embarcou em uma jornada incomum: acompanhou exploradores ocidentais em viagens marítimas pelo Pacífico, passando pelas Filipinas, China e até Macau. Tornou-se assim o primeiro havaiano a circunavegar parte significativa do oceano, experiência que ampliou sua visão de mundo e fortaleceu sua ambição.
Ao retornar ao Havaí, Ka’iana se aliou inicialmente a Kamehameha, rei que travava campanhas militares para unificar todo o arquipélago sob seu domínio. Reconhecido por seu talento militar e carisma, Ka’iana foi peça-chave na conquista de O’ahu, em 1795.
Contudo, desentendimentos sobre sua posição no novo regime e o temor de ser eliminado por Kamehameha, que via com desconfiança sua popularidade e elo com estrangeiros, levaram Ka’iana a uma decisão fatídica: mudar de lado.
Pouco antes da decisiva Batalha de Nu’uanu, Ka’iana desertou e se uniu às forças de Kalanikūpule, líder de O’ahu, passando a lutar contra o rei que outrora apoiara.
A traição foi um golpe simbólico e estratégico. Ka’iana ajudou a fortificar posições em Nu’uanu Pali, o penhasco onde se travaria o confronto final.
Ainda assim, as forças de Kamehameha prevaleceram. Ka’iana foi morto no campo de batalha, e os defensores foram empurrados até o precipício, em uma das mais dramáticas cenas da história havaiana. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br