Uma lenda urbana credita a Pablo Escobar, notório e temido traficante internacional de drogas, a seguinte declaração: “O único homem de quem tive medo foi uma mulher chamada Griselda Blanco”. O mundo inteiro vai conhecer mais sobre essa tal de Griselda na minissérie homônima, baseada em história real, que a Netflix lança na quinta-feira (25).
No auge da vida, Griselda era, realmente, de botar medo. Nas décadas de 1970 e 1980, ela estava no topo do tráfico mundial de drogas, chefiando o transporte de cocaína da Colômbia para grandes cidades americanas. Situada em Miami, a bandida comandava tudo com mão de ferro, conhecida por ser impiedosa nas ordens dadas para matar todo mundo que cruzasse seu caminho, fossem rivais declarados ou em potencial.
De acordo com investigações policiais e reportagens da imprensa, a conta de assassinatos encomendados por Griselda gira em torno de 250. Quem estava próximo dela afirmava que bastava um olhar torto para justificar um tiro na cabeça. Não há nada comprovado, mas a suspeita é grande de que a traficante tenha mandado exterminar seus três ex-maridos, lhe rendendo o apelido de Viúva Negra; um deles teria roubado dinheiro de Griselda.
Griselda, o começo de tudo
Nascida em 1943, a vida de Griselda foi dura desde o início. Natural do norte da Colômbia, ela se mudou para a cidade de Medellín, um pouco mais ao centro do país. Ainda criança, aos três anos, passou a ver de perto o crime organizado e se familiarizar com a rotina fora da lei.
O crime a atraiu muito cedo. Dizem que aos 11 anos ela sequestrou um garoto mauricinho, playboy. A rica família dele não botou fé no rapto e se recusou a pagar o resgate que a menina pediu. Griselda, então, matou o garoto, apenas um ano mais novo. Assim teria começado a sua trajetória sangrenta.
Entre surrupiar carteiras e cometer outros delitos, Griselda passou a sua adolescência. A entrada no mundo do tráfico de drogas se deu com seu segundo marido (aquele que supostamente a roubou). Ela logo teve a ideia de usar mulheres para serem mulas, carregando cocaína escondida em sutiãs e cintas em viagens para os Estados Unidos.
Nos anos 1970, Griselda já estava estabelecida em Miami como uma peça-chave dentro do poderoso Cartel de Medellín. Ela contribuiu decisivamente para fundar e manter tranquila uma rede de tráfico entre Colômbia e EUA, abastecendo Miami, Nova York e a Califórnia com a cocaína colombiana.
A ordem é: matem todos
Griselda criou o seu império na base da tolerância zero. Não tinha conversa: ela dava ordem para dizimar qualquer pessoa que fosse uma ameaça. Mas não apenas isso. Seus pistoleiros tinham de aniquilar qualquer ser vivo dentro da cena de determinado assassinato. Não eram poupadas crianças nem adultos e nem animais.
A marca que ela imprimiu foi enviar matadores em motos, atirando para todos os lados. E foram muitos os casos que assassinatos encomendados por Griselda ocorreram em plena luz do dia, em lugares públicos e tudo mais. A polícia de Miami, na época, culpava a traficante por fazer da cidade a capital mundial do homicídio.
Griselda reinava soberana. Os inimigos caiam aos montes e ninguém ousava enfrentá-la. A polícia só obteve sucesso na captura da criminosa em 1985, quando ela foi presa, em sua casa, pela Drug Enforcement Administration (DEA), acusada de produzir, importar e distribuir cocaína. O caso foi julgado em nível federal, nos EUA, e ela recebeu a sentença de 15 anos atrás das grades.
A pena aumentou quando estava na cadeia, indo para 20 anos. Em 2004, bastante debilitada por causa de problemas de saúde (fumava muito e estava bem acima do peso), a Viúva Negra foi liberada da prisão e deportada para Medellín, onde vivia uma vida tranquila.
Em 2012, já idosa, com 69 anos, Griselda estava em um açougue, na cidade colombiana. Ao sair do estabelecimento, ela foi alvo de dois tiros e morreu na hora, em plena luz do dia. O assassino estava em uma moto. O crime imitou o modus operandi que Griselda ordenava quando era a rainha da cocaína em Miami.
Griselda era uma mulher completamente inofensiva na terceira idade, vivendo reclusa e sem qualquer ligação com a criminalidade. Mas a sua lista de inimigos era grande, e seu assassinato mostra como o ódio contra ela era intenso, principalmente levando em consideração que o plano foi matá-la do mesmo jeito que ela mandou fuzilar muitos dos seus adversários.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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