BASTIDORES

Greve à vista em Hollywood: quanto ganha um roteirista?

Esquentam as negociações para evitar paralisação na indústria de entretenimento americana
DIVULGAÇÃO/WGA
Meredith Stiehm, presidente do sindicato dos roteiristas, no WGA Awards de 2023
Meredith Stiehm, presidente do sindicato dos roteiristas, no WGA Awards de 2023

Entre influência da inteligência artificial (ChatGPT) e protestos contra o desaparecimento de séries, a conversa em torno de uma possível greve dos roteiristas em Hollywood se resume a uma exigência padrão em negociações de operários com patrões: reajuste salarial. Dito isso, cabe a pergunta: quanto ganha um roteirista hollywoodiano?

Antes, é importante salientar que cada lado defende posições contrárias. O sindicato dos roteiristas (WGA) argumenta que o salário semanal de um filiado caiu 4% desde 2013; ou 23%, levando em conta a inflação da última década. 

Por sua vez, a entidade patronal que representa os estúdios e produtoras (AMPTP), defende que o pagamento aos roteiristas de TV aumentou com o passar dos anos, sendo maior em comparação a quem escreve para o cinema.

De acordo com números do próprio WGA, um roteirista de séries ganha, em média por ano, US$ 229 mil (R$ 1,15 milhão); dado de 2021. 

Pela primeira temporada de The Last of Us, o ator Pedro Pascal recebeu US$ 5,4 milhões (R$ 27,3 milhões), atuando em nove episódios.

A questão não é o número bruto em si. O que o WGA pontua nas negociações com a AMPTP é que o produto entregue pelos filiados está rendendo rios de dinheiro para os streamings (e atores), enquanto que o repasse está sendo pouco. Ou seja, tem bastante gente lucrando muito em cima dos roteiristas.

Como o valor citado acima é uma média, tem de se considerar os salários exorbitantes de showrunners renomados, contratados pelos estúdios a peso de ouro, que eleva a conta. Na outra ponta estão centenas de roteiristas que embolsam o mínimo permitido.

O balanço a ser encontrado, para evitar uma paralisação, é melhorar o repasse de residuais aos roteiristas. Residual é o termo usado no mercado hollywoodiano para rotular o valor pago aos roteiristas depois que uma série é lançada, como se fosse recebimento por direito autoral. Atualmente, esse residual pago pelos streamings é insatisfatório, segundo o WGA.

Outro dado importante é que desde a explosão na produção de séries, de 2013 para cá (ano do surgimento de atrações originais da Netflix e Amazon), o número de roteiristas explodiu, resultando em mais gastos para os streamings. 

As plataformas, para enxugar os custos, estão simplesmente removendo conteúdo para não pagar residuais de atrações que não geram dinheiro (leia-se: que não atraem assinantes).

O atual vínculo entre o WGA e AMPTP termina em 1º de maio.


Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.

Siga nas redes

Fale conosco

Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
contato@diariodeseries.com.br
magnifiercross