A série Industry termina sua terceira temporada neste domingo (29) cruzando uma nova fronteira na HBO, no quesito sexo. O drama sobre jovens no mundo do mercado financeiro trouxe um elemento novo para o canal tão marcado por produções de tom erótico, seja pela pegação mais real e constrangedora possível vista em Girls ou pela exploração do corpo feminino com o festival de nudez em Game of Thrones (o nu masculino só entrou em cena nos episódios finais).
Em Industry, o sexo difere de outras atrações prestigiadas da HBO. Nela, o canal tomou um risco para testar o limite do que se pode mostrar na TV, desde fantasia milf (jovem se relacionando com uma mulher mais velha, estilo mãe fogosa) ao ato incomum do golden shower (fetiche no qual uma pessoa urina em outra).
Contando com masturbação no banheiro de um restaurante, do chefe cheio de tesão ao pensar na subordinada mais jovem, e passando por sitting (uma pessoa “senta” no rosto da outra), Industry reforçou nesta temporada que o sexo ali mostrado não é atraente, muito menos sedutor.
Nada é feito para deixar quem assiste mais alegre, digamos assim. Tanto que nudez é algo raro; e quando é mostrada é democrática, como o bumbum de Kit Harington, que saiu de Game of Thrones para ficar pelado em Industry. No caso do corpo feminino, não há exposição barata do nu.
Em momentos nos quais poderia rolar algo quentíssimo, do ponto de vista erótico, o drama optou pelo caminho mais patético e vulnerável. Quando Yasmin (Marisa Abela) e Henry (Harington) estão debaixo do chuveiro, o que rola é o golden shower pedido por Henry, que tem essa tara. A cena exibe as pernas dos dois entrelaçadas enquanto Yasmin, meio que confusa, atende o pedido. O forte desse recorte é a câmera focando no rosto enojado da herdeira.
De fato, o tesão dos jovens que trabalham na Pierpoint & Co., prestigiada instituição financeira (tipo Goldman Sachs e Merrill Lynch da vida real), é pela busca da validação no trabalho, é isso que eles desejam loucamente. Por estarem na fase dos 20 e pouco anos, com a libido nas alturas, o sexo está presente; mas de forma nada convencional.
Em certo ponto, o sexo em Industry é orquestrado para chocar, apresentando até mesmo situações repugnantes, na linha do “é raro, mas acontece com frequência”. É uma cartada que a HBO, em toda a sua história, ainda não havia exibido com tanta precisão e intensidade, por incrível que pareça. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br