VOZES ROBOTIZADAS

Globo defende uso de inteligência artificial na dublagem do doc Rio-Paris

Estima-se que 50 profissionais perderam trabalho com essa automatização
REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY
Arte do documentário Rio-Paris
Arte do documentário Rio-Paris

Desde a estreia no Globoplay, em 31 de maio, o documentário Rio-Paris – A Tragédia do Voo 447 está no centro de uma polêmica: o uso de inteligência artificial na dublagem. Criticada por tal artifício, que indiscutivelmente soa sintético e sem vida, a Globo defendeu a aplicação dessa inovação em resposta a quem é contra robôs dublando pessoas. O debate vai além da autenticidade, culminando em perda de empregos e corte de gastos.

“A Globo sempre esteve na vanguarda da inovação tecnológica, e não tem sido diferente com a adoção da inteligência artificial”, diz trecho de comunicado publicado na coluna Play, do jornal O Globo. “Antes mesmo de as ferramentas disponíveis estarem sendo aplicadas pelo mercado, realizamos testes e desenvolvemos soluções internas que estão em experimentação e uso, especialmente em apoio aos talentos, aos processos produtivos e à acessibilidade.”

O documentário Rio-Paris pode ter servido de teste para o uso de inteligência artificial em séries e filmes, o grande temor da indústria brasileira de dublagem. A Globo afirma que “sempre de forma ética, com transparência” busca a qualidade e respeita a “questão dos direitos.”

“Foi o que aconteceu, por exemplo, em Rio-Paris: cumprimos o compromisso assumido com algumas empresas de dublagem de não utilizar as vozes de seus dubladores através de processos de IA ou para o treinamento de IA.”

Em Rio-Paris, logo no começo de cada um dos quatro episódios, a seguinte mensagem aparece na tela: “A versão em português das entrevistas concedidas em língua estrangeira para este documentário foi feita a partir da voz dos próprios entrevistados, como uso de inteligência artificial, respeitando-se todos os direitos e leis aplicáveis. O conteúdo das dublagens é fiel às entrevistas originais. Os entrevistados que não aceitaram a dublagem foram legendados.”

O movimento Dublagem Viva, coletivo que luta pela regulamentação e controle da inteligência artificial, estima que “aproximadamente 50 profissionais, direta e indiretamente ligados à dublagem, perderam trabalho” nesse projeto.

O documentário Rio-Paris – A Tragédia do Voo 447, atualmente a produção líder de audiência no ranking Top 10 – Em Alta, retrata um acidente aéreo marcante: a queda no mar de um Airbus A330 da Air France, em 1º de junho de 2009. Familiares, investigadores e especialistas recontam, 15 anos depois, uma das maiores tragédias da história da aviação.

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