
A série sensação do ano seguiu à risca a cartilha dos thrillers eróticos. Como manda o figurino, The Hunting Wives (Casadas e Caçadoras), drama viciante já disponível na Netflix, abre sua narrativa com um cadáver no chão. Ao fim da primeira temporada, porém, a contagem de mortos cresce de forma alarmante, expondo a face mais sombria de um círculo social marcado por poder, hipocrisia e violência.
O enredo acompanha Sophie (Brittany Snow), uma recém-chegada de Cambridge (Costa Leste americana, região progressista) que desembarca em Maple Brook (interior do Texas) ao lado do marido, Graham (Evan Jonigkeit).
O primeiro contato com a elite local, tradicionalmente conservadora, ocorre em um evento ligado à Associação Nacional do Rifle (NRA), promovido por Jed (Dermot Mulroney), chefe de Graham, e por sua carismática e inquietante esposa, Margo (Malin Akerman).
Desde o início, Sophie demonstra inquietude naquele universo fincado à direita e armado até os dentes. Ainda assim, é rapidamente acolhida por Margo, que a puxa para um grupo formado pela atiradora Callie (Jaime Ray Newman), mulher do xerife, e por Jill (Katie Lowes), uma mãe cristã e mulher de pastor obcecada pelo sucesso do filho.
[Atenção: spoilers a seguir]
Entre bebidas em excesso e sessões de tiro, Sophie tenta se reinventar e enterrar traumas do passado. O que encontra, no entanto, é uma comunidade onde todos escondem segredos comprometedores. A dinâmica entre as mulheres ganha contornos ainda mais perigosos quando Sophie e Margo marcam um encontro amoroso justamente na noite em que a adolescente Abby (Madison Wolfe) é assassinada.
A investigação do crime lança suspeitas em várias direções, enquanto o ambiente fica cada vez mais hostil. A arma usada no homicídio pertence a Sophie, o que a coloca no centro das acusações. Confusa, insegura e determinada a não ser incriminada por algo que sequer sabe se fez, ela decide conduzir sua própria apuração.
Com o avançar da temporada, descobre-se que Abby foi morta por Margo. A moça havia percebido inconsistências na história de um suposto aborto envolvendo seu namorado Brad (George Ferrier), filho de Jill, e Margo. Ao confrontar a socialite e ameaçar revelar a verdade, a jovem acaba sendo baleada. O crime é motivado pelo medo de Margo perder o status social e pela tentativa de manter um segredo que poderia destruir sua imagem e a campanha política do marido.
A morte de Abby desencadeia uma reação em cadeia. Starr (Chrissy Metz), mãe da adolescente, tomada pela dor e convencida de que Jill seria responsável pela tragédia, pega um rifle e vai atrás dela. O embate não é mostrado diretamente, mas o desfecho é claro: Starr é morta a tiros dentro da casa de Jill.
Pouco depois, Jill também perde a vida ao sacar uma arma contra Margo durante uma discussão tensa. Callie reage mais rápido e dispara contra a mulher do pastor, encerrando ali mais um capítulo sangrento.
Com um depoimento de Brad, a polícia conclui que Jill seria a responsável pelas mortes, e o caso parece encerrado. Não fosse Sophie, porém, a verdade permaneceria soterrada.
Um detalhe aparentemente banal, uma caixa de absorventes no banheiro de Margo, leva Sophie a ligar os pontos e perceber que a socialite havia mentido desde o início. A revelação confirma que Margo era a mulher mencionada em uma confissão sobre aborto feita ao pastor local e, sobretudo, a verdadeira assassina de Abby.
Ao confrontar Margo antes de procurar as autoridades, Sophie comete um erro fatal. A vilã pede ajuda ao irmão, Kyle, que tenta intimidar Sophie e acaba morto ao ser atropelado por ela em um momento de pânico. Com um histórico de homicídio culposo no passado, Sophie sabe que não terá crédito algum diante da polícia. A solução encontrada é se livrar daquele corpo. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



