Primeira série a mobilizar fãs de todo o mundo pela internet, Lost completa 20 anos no domingo (22). A ficção científica lotada de teorias e peças fora de encaixe continua sendo cultuada, vide o bom desempenho registrado na Netflix brasileira desde 15 de agosto, quando voltou a ficar disponível. Fãs das antigas e novos espectadores colocaram a atração entre as mais vistas na plataforma.
O Diário de Séries separou oito fatos que você não sabia sobre Lost, série marcada por um final controverso e que abriu portas para atrações seguirem o mesmo caminho, como aconteceu com Manifest. Confira:
Quem teve a ideia de Lost?
Geralmente, uma série surge na mente de um roteirista ou produtor, que desenvolve uma apresentação (pitch) sobre a história a ser contada. Em Hollywood, é comum um showrunner bater porta de estúdio em estúdio vendendo a tal atração em busca de uma vitrine.
Com Lost foi o contrário, de cima para baixo. A ideia surgiu do executivo Lloyd Braun, presidente da rede americana ABC no começo dos anos 2000. O argumento da narrativa veio dele, propondo misturar dois produtos de destaque do entretenimento daquela época: o filme Náufrago e o reality show Survivor.
Daí, entraram na conversa J.J. Abrams e Damon Lindelof. Foram eles que pegaram essa ideia e transformaram em um drama focado na jornada de personagens e recheado de mitologia. O resultado foi uma atração que virou obsessão na cultura pop.
Investimento
A ABC não poupou nessa investida. Lançado em 22 de setembro de 2004, o piloto (episódio de estreia) foi dividido em duas partes e custou US$ 14 milhões, mais de três vezes o valor médio pago por um piloto naquele período (US$ 4 milhões). O capítulo final, no ar em 2010, saiu por mais de US$ 15 milhões.
Nove temporadas
Durante o andamento da terceira temporada (2006-2007), executivos da ABC chamaram Lindelof e Carlton Cuse, ambos showrunners de Lost, para discutirem o final da série. O papo era para saber até onde eles queriam levar a história.
A intenção da emissora era fazer nove temporadas de Lost, no mínimo. Porém, Lindelof e Cuse disseram que não teria como alongar tanto a narrativa assim para se enquadrar nessa meta. Os dois disseram que, no máximo, poderiam ir até a sexta temporada, o que acabou acontecendo. O desfecho ocorreu dentro do previsto pelos dois, da forma como imaginaram.
Roteiro vermelho
Antes das neuras da Marvel para guardar segredos dos seus filmes, Lost tomou as atitudes mais insanas visando evitar o vazamento de spoilers. Atores recebiam poucas folhas de roteiro, somente com as cenas que iriam gravar. E quando ligavam para os roteiristas/produtores para entender o contexto da história, eles eram repreendidos como se fossem espiões atrás de informações sigilosas…
O extremo se deu com o roteiro do último capítulo. Ele só foi entregue aos atores no dia da gravação, dando ao elenco menos de 24 horas para decorarem as falas. E os textos foram impressos em um papel vermelho, que era irreproduzível, não podendo ser copiado de jeito nenhum.
Discurso de Obama alterado
A sexta e última temporada de Lost foi programada para estrear, nos Estados Unidos, em 2 de fevereiro de 2010, numa terça-feira. Na mesma noite, o presidente americano, Barack Obama, iria fazer seu discurso anual no Congresso, chamado de State of the Union, evento transmitido ao vivo na TV aberta.
Quando surgiu esse conflito, fãs pediram para o governo adiar o discurso. A comoção foi gigante, pois todo mundo estava na espera mesmo era de Lost, para descobrir o começo das revelações derradeiras da trama. No final das contas, o State of the Union foi empurrado para outro dia, deixando Lost com o horário nobre livre. Porém, o governo americano nunca confirmou oficialmente que o adiamento foi por causa de Lost…
Vários episódios ao mesmo tempo
Como ocorre com muitas séries americanas, Lost contou com vários diretores ao longo de suas temporadas. O que a ficção científica fez de diferente foi gravar episódios diferentes ao mesmo tempo, aproveitando o set isolado e a presença de todos os atores no mesmo lugar. Na terceira temporada, por exemplo, sete episódios chegaram a ser gravados simultaneamente.
Casamento falso
Na tática de evitar vazamentos sobre o final, os produtores tiveram de ser criativos para esconder o que iria acontecer na cena da igreja, com todos aqueles personagens. A solução foi escalar dois figurantes que agiram como dublês de Sun (Yunjin Kim) e Jin (Daniel Dae Kim), simulando um casamento entre eles, com direito a vestido e tudo, para enganar os paparazzi.
Muitos atores nem sabiam que isso aconteceu. A própria Yunjin Kim só descobriu esse truque mais de dez anos depois, quando deu uma entrevista sobre o último episódio de Lost.
Aquelas imagens finais
O final de Lost, na visão dos criadores, cravou firme sua pegada no chão. Se alguns espectadores gostaram do desfecho, muitos não curtiram. Assim, ganhou força a avaliação de a série ter entregue um dos piores finais da história. Tem quem, ainda hoje, defende a teoria de que todos estavam mortos durante aquele tempo todo das seis temporadas…
Isso devido a um detalhe do último episódio, depois da última cena: as imagens dos destroços do avião mostradas acima dos créditos. Executivo da alta cúpula da ABC, Barry Jossen ligou para Lindelof e Cuse preocupado. Ele não queria que o final emocionante de Lost fosse abrupto, com a última cena acompanhada de uma tela preta seca, seguida por um comercial qualquer.
Jossen queria “suavizar” o ponto-final, sugerindo o uso de alguma imagem nessa transição do fim para o intervalo comercial. Os registros dos destroços do avião foram resgatados e colocados junto com os créditos.
Cuse se arrepende dessa decisão. Segundo ele, foi uma falha criativa e executiva. Isso porque os fãs de Lost estavam acostumados com a ideia de que qualquer coisa, mínima que seja, tivesse por trás um significado maior. Ao ver as imagens do avião aos pedaços depois do fim, logo criou-se a suposição de que os personagens estavam mortos o tempo todo.
As imagens em questão serviram apenas para criar uma pausa nessa transição episódio-comercial. Os personagens não estavam mortos na série, de acordo com a posição de seus criadores. Embora muitos acreditem que essa interpretação seja plausível. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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