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Erro estratégico da Netflix levou Resident Evil ao cancelamento; entenda

Executivo expôs a principal falha cometida pela plataforma na adaptação da franquia famosa
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Tamara Smart (à esq.) e Siena Agudong na série Resident Evil
Tamara Smart (à esq.) e Siena Agudong na série Resident Evil

O cancelamento abrupto de Resident Evil em agosto, um mês e meio após a estreia, tem a Netflix como culpada. Isso segundo análise de Oliver Berben, vice-CEO da Constantin Film, produtora alemã detentora dos direitos de adaptação do game famoso, base da bilionária franquia do cinema. Na opinião do executivo, a gigante do streaming falhou ao intervir além da conta no projeto, principalmente por apostar em uma protagonista mulher, visando o público jovem adulto feminino.

Em entrevista ao site alemão DWDL, Oliver Berben demonstrou franqueza pura ao comentar sobre essa mancha na franquia Resident Evil, que foi esse cancelamento rápido, marca de séries fracassadas e rejeitadas pelo público. É um contraste com o sucesso absoluto dos games e filmes.

“No final das contas, é preciso pontuar que a Netflix trabalhou para colocar Resident Evil dentro do segmento jovem adulto feminino, alvo que está muito longe do núcleo real da marca”, falou o executivo. “O público-alvo [da franquia] é mais velho e masculino.”

Berben comentou que tanto ele quanto outros executivos e produtores alertaram a Netflix sobre isso. “Tivemos discussões intermináveis ​​sobre esse posicionamento. É por isso que houve tanta demora para iniciar as gravações (além da pandemia). O recado foi dado: era preciso pensar com cuidado tal estratégia, ver direito onde o núcleo da marca está e até onde você pode se desviar dele.”

“Com base em 20 anos de experiência de adaptação no cinema, e mais de um bilhão de dólares arrecadados em bilheteria, temos uma boa interpretação do que funciona ou não”, continuou o CEO da Constantin. “No entanto, foi desejo claro da Netflix explorar a marca e levá-la para o público jovem e feminino.”

Esse desencontro de ideias ficou explícito na tela. Resident Evil foi um monstrengo estilo Frankenstein. Parecia que os diretores gravaram cenas fora da visão dos roteiristas. E, por sua vez, os atores fizeram coisas diferentes do que estava no papel, tudo em uma ambiência igualmente destoada. Era como se fossem várias séries em uma só.

Sem coesão, o drama futurista flopou. A audiência nos primeiros dias até que foi boa, muito em parte pela alta expectativa gerada previamente. Mas a partir da terceira semana no ar, o público fugiu correndo, fazendo os números do ibope interno da própria Netflix apontarem uma queda de mais de 50% do dia para noite, indício de que o assinante viu os primeiros episódios e abandonou a série no meio do caminho.

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