Aguardada série dos criadores de Game of Thrones, O Problema dos 3 Corpos estreia, na Netflix, na quinta-feira (21). A ficção científica, baseada no premiado livro homônimo, tem como base uma dinâmica real da física cujo nome exato estampa o título do best-seller e da atração televisiva. Um aspecto importante do desenrolar da narrativa é oriundo dessa problemática.
Estudos acerca do problema dos três corpos datam do final do século 17. A origem envolve a lei da gravitação universal formulada pelo físico inglês Isaac Newton (1643-1727). Basicamente, trata-se de qualquer movimento de três partículas, seja na mecânica orbital ou quântica.
A dinâmica trata de três corpos como planetas, estrelas ou partículas que interagem gravitacionalmente entre si, sem nenhuma outra força envolvida. A relação entre Lua, Sol e Terra é um exemplo básico e didático para se ter uma noção do que está em jogo.
A complexidade desse problema reside no fato de que, ao contrário do que acontece com o problema de dois corpos, não existe uma solução analítica geral. Isso significa que não há uma fórmula matemática simples que descreva as posições e velocidades dos três corpos em qualquer momento.
Em sistemas de três corpos, as interações gravitacionais entre eles criam um conjunto de equações diferenciais não lineares muito complicadas de serem resolvidas. Além disso, o comportamento desses sistemas pode ser altamente caótico, o que significa que pequenas variações nas condições iniciais podem levar a grandes diferenças nos resultados futuros.
Em 2009, um estudo feito por dois pesquisadores ilustrou isso, fazendo simulações com o movimento dos planetas no Sistema Solar. Uma simples mudança de um milímetro na distância entre Mercúrio e o Sol, por exemplo, alterava a trajetória do planeta de forma tão radical que ele poderia mergulhar no próprio Sol ou colidir com Vênus, tamanha a oscilação da órbita.
O problema dos três corpos tem aplicações em várias áreas da física, incluindo astronomia, e dinâmica molecular. Apesar de sua dificuldade, ele tem sido estudado intensamente ao longo dos anos, com métodos numéricos e simulações sendo usados para entender melhor o comportamento desses sistemas complexos.
O livro que serve de base para a série da Netflix, escrito por Cixin Liu, é reconhecido por ser muito autêntico ao tratar de assuntos da física, principalmente. Personagens que são acadêmicos especializados nessa área do conhecimento são fundamentais para a trama.
O conceito do problema dos três corpos está totalmente ligado aos aliens que fazem parte da história, habitantes de um sistema estelar que possui um trio de sóis na órbita. Isso tem amarração com outro pedaço da narrativa.
A série começa na China, durante o final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres.
Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena à beira do colapso planeja uma invasão.
A série aborda a marcha humana em direção aos confins do universo, apresentando uma clássica história sci-fi. Nesse jogo envolvente, a humanidade tem tudo a perder.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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