Com Alice Braga no elenco, o drama A Murder at the End of the World (Um Assassinato no Fim do Mundo, tradução direta), do canal americano FX, foi adiado. Previamente marcado para estrear em 29 de agosto, a série deve ser lançada somente em novembro, sem dia definido. A atração segue a cartilha executada pelos estúdios de Hollywood que, em meio à greve dupla (de roteiristas e atores), postergam estreias de produções prontas para entrarem no ar.
O movimento começou com as redes de TV aberta. Das cinco emissoras americanas, apenas a NBC vai soltar duas séries novas na atual fall season, tradicional temporada de lançamentos entre setembro e novembro. A tática agora chega nos canais pagos e streamings.
Há um motivo simples por trás disso. Por conta das greves, atores não podem participar de qualquer evento que promova uma série, de première a entrevistas. Logo, do que adianta você, grande estúdio, ter uma atração cheia de atores e atrizes famosos se não pode usá-los para criar um hype acerca de determinado projeto?
O problema é maior no caso de A Murder at the End of the World, atração com premissa original. Dessa forma, é necessário fazer muita campanha de marketing visando a promoção da história não familiar. É diferente de séries que tem base conhecida, seja spin-off de produção famosa, nova temporada ou trama inspirada em livro/filme.
Neste instante, streamings e canais pagos tendem a seguir o planejado somente com séries cujo elenco não é tão famoso assim. Há exceções, vide Only Murders in the Building, cuja terceira temporada conta com nomes do nível de Meryl Streep e Paul Rudd. Foi mantida a data de lançamento, 8 de agosto (no Star+), mesmo sem poder usar esses atores convidados para ajudar a bombar ainda mais a série.
Streamings da Apple e Paramount, assim como canais tipo Showtime e AMC, estão engavetando atrações com nomes importantes de Hollywood no elenco, como Emma Stone, Krysten Ritter, Vince Vaughn, Laura Dern, Matt Bomer… A questão é: até quando?
FX jogou A Murder at the End of the World para novembro imaginando o fim das greves até lá. Entretanto, a paralisação dos roteiristas está prestes a completar três meses e, desde o decreto de grave, sindicato e patrões sequer sentaram em uma mesa para retomar conversas e resolver impasses.
O dilema é real em Hollywood. Por um lado, é contraprodutivo soltar séries com elenco renomado, de alto investimento, sem ter como promovê-las. Mas não dá para tocar os negócios sem grandes lançamentos, pois o público anseia por novidades (e paga diretamente por isso, pensando no caso de streamings e TV por assinatura).
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br