PATRÃO MANDA

Em tom de ameaça, Disney exige que showrunners furem greve dos roteiristas

Ordem entra em conflito com orientação do sindicato; entenda o caso
REPRODUÇÃO/USA TODAY
Roteiristas em greve protestam na entrada do estúdio da Disney, em 2023
Roteiristas em greve protestam na entrada do estúdio da Disney, em 2023

O departamento jurídico da ABC Signature, produtora proeminente do grupo Disney, mandou e-mail para os showrunners da casa abordando assuntos relacionados à greve dos roteiristas, ativa desde a última terça-feira (2). Em tom de ameaça, a empresa exige que os showrunners não apenas compareçam aos sets normalmente, mas que façam alterações no roteiro das respectivas atrações, quando necessário.

Essa medida vai de encontro às determinações do sindicato dos roteiristas (WGA). O e-mail, obtido pelo site The Hollywood Reporter, diz: “Queremos deixar claro que você, como showrunner, não está dispensado de fazer sua função como showrunner/produtor em sua série.”

A pessoa no cargo de showrunner é roteirista e produtora de uma série, no mínimo (também pode ter a habilidade de direção no pacote). É ela a responsável por toda a obra, quem dita o que fazer ou não durante as gravações.

Tal ordem da Disney é conflitante à do WGA. A Casa do Mickey Mouse afirma que o showrunner, mesmo em estado de greve dos roteiristas, pode “fazer pequenas mudanças nos diálogos, seja antes ou durante a produção.”

Já as regras do WGA explicitamente proíbem que filiados ao sindicato façam “qualquer trabalho que envolva escrever (parte criativa)”. Um dilema se cria, pois o showrunner fica entre obedecer o patrão ou seguir a orientação do sindicato.

Até para fugir de qualquer atrito do tipo, o Prime Video decidiu finalizar as gravações da segunda temporada de Os Anéis de Poder (restam 18 dias) sem a presença dos showrunners no set.

A carta da ABC Signature informa que a Disney não pretende parar as produções em andamento por causa da greve dos roteiristas, justificando que não está à margem da lei ao agir dessa forma. 

O documento ainda diz que os roteiristas não precisam obedecer a ordem de paralisação (incentivando o famigerado fura-greve) e deixa um recado indigesto, informando que “claramente” pode demitir roteiristas que aderirem à greve: “Os estúdios [como a Disney] têm obrigação com seus funcionários e acionistas em prol da melhor saída para minimizar perturbações, seguir com as produções e proteger nossos interesses e ativos”.


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