
Atual série líder de audiência da Netflix, Monstro: A História de Ed Gein tem um momento no último episódio que deixa o espectador confuso e curioso. Intitulado de O Padrinho, o capítulo final da trama mostra o serial killer Ed Gein (Charlie Hunnam) colaborando com o FBI e auxiliando os agentes na captura de Ted Bundy, outro assassino em série notório da história americana. Isso realmente aconteceu ou foi coisa da imaginação de Ed?
A resposta direta é simples: não é verdade que Ed Gein ajudou a prender Ted Bundy. No desfecho da narrativa, o protagonista fala aos policiais federais sobre o chamado “assassino do Noroeste Pacífico”, que mais tarde seria identificado como Ted Bundy. A cena, no entanto, não passa de uma licença criativa.
Na vida real, Ed foi preso em 1957, muito antes da criação da Unidade de Ciências do Comportamento do FBI, que só surgiu no início da década de 1970 e viria a se transformar na atual Unidade de Análise Comportamental. Não há nenhum registro de que ele tenha sido interrogado formalmente pela agência, muito menos que recebeu visita de agentes durante estadia no hospital psiquiátrico.
Esse recurso narrativo é uma dramatização. A suposta participação de Ed nessa investigação é um reflexo da mente perturbada do personagem.
Apesar disso, os crimes de Ed Gein exerceram impacto indireto sobre os estudos posteriores acerca de assassinos em série, tornando-se referência para pesquisadores que buscavam compreender os padrões e motivações por trás desse tipo de violência. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br