A realidade da saúde nos Estados Unidos não é a que Hollywood mostra, com hospitais chiques, bem equipados e sem crise. Servindo de contraste a esse cenário turbinado pela filantropia e investimentos privados, dois novos dramas médicos vindos da Espanha e do México provocam um choque de realidade a quem é viciado em atrações americanas do gênero, como Grey’s Anatomy e Chicago Med.
Disponível na Netflix, Respira coloca a saúde pública espanhola no centro da história, retratando a rotina caótica de um hospital com recursos tão escassos e povoado por profissionais no limite do burnout que uma greve é vista como única solução para chamar a atenção. A atitude radical contra o descaso é tomada após uma tragédia acontecer.
Já no Apple TV+ está a série Família da Meia-Noite, inspirada em histórias reais. A narrativa expõe ao mundo algo surreal: como o México não tem ambulâncias públicas suficientes para atender toda a população, veículos clandestinos tomam as ruas para oferecer socorro a quem precisa.
Mesmo em Plantão Médico, clássico drama médico hollywoodiano, o foco do enredo não era necessariamente explorar as dificuldades do sistema de saúde americano. Aquilo era só um elemento ao lado de outros fatores. O objetivo era entreter o público com todo tipo de história, incluindo aí romances entre colegas de trabalho, o que Grey’s Anatomy explora à décima potência.
São poucos os dramas médicos americanos que encenam a realidade da medicina no país. Grey’s Anatomy mesmo faz isso de vez em quando, em um ou outro episódio. De 2016 a 2018, uma série chamada Code Black teve como foco um pronto-socorro em Los Angeles que vivia sobrecarregado, sem recursos básicos.
Já New Amsterdam (2012-2018) recebeu elogios da OMS (Organização Mundial da Saúde) por discutir temas como administração financeira, relocação de recursos e administração de pessoal de um hospital público localizado em Nova York.
Essas são exceções que confirmam a regra hollywoodiana. E é importante salientar que não existe gratuidade na saúde nos EUA. Caso você sofra qualquer tipo de acidente e precisar de uma ambulância, você precisa pagar por ela; isso sem contar o atendimento médico propriamente dito. Tudo é cobrado, seja uma simples gaze ou até mesmo uma seringa.
Assim como os imbatíveis dramas policiais, a TV americana adora séries médicas. Somente na atual safra, cinco novas atrações vão ser lançadas. Ao menos uma delas vai abordar o lado mais sensível da saúde americana, mas com um olhar cômico.
A sitcom St. Denis Medical, da rede NBC, chega para contar os perrengues de médicos e enfermeiras em um hospital com escassez de mantimentos e poucos funcionários. Eles fazem de tudo para dar o melhor tratamento aos pacientes enquanto não perdem a sanidade.
Outro lado dos dramas médicos
Respira tem um quê de Plantão Médico e Grey’s Anatomy no quesito romance entre médicos. Porém, o núcleo duro da trama está na rotina bagunçada do hospital público Joaquín Sorolla, localizado em Valência, na Espanha. Doutores e residentes trabalham no ritmo frenético do setor de emergência. Lá, estresse, emoções e desejos elevam a frequência cardíaca de uma equipe que vive no limite.
Naqueles caprichos da vida, a proeminente política Patricia Segura (Najwa Nimri), espécie de governante de Valência, vira paciente do hospital para cuidar de um problema grave. Sua estadia coloca em evidência a precariedade do sistema público de saúde, dando início a uma greve sem precedentes.
Em Família da Meia-Noite, a narrativa acompanha a personagem Marigaby Tamayo (interpretada por Renata Vaca), uma ambiciosa e talentosa estudante de medicina durante o dia, que passa suas noites salvando vidas na ampla, cheia de contrastes e fascinante Cidade do México a bordo de uma ambulância pirata pertencente à sua família.
Junto com seu pai Ramón (Joaquín Cosío) e seus irmãos Marcus (Diego Calva) e Julito (Sergio Bautista), Marigaby atende milhões de pessoas, enfrentando emergências médicas extremas para ganhar a vida.
São várias ambulâncias nesse esquema que percorrem as ruas da capital mexicana, muitas sem qualquer licença oficial. O serviço informal, porém, é bastante usado por causa das necessidades emergenciais do povo, servindo de salvação onde o serviço público falha. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
Siga nas redes
Fale conosco
Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível para o usuário. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar a nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Você pode ajustar todas as configurações de cookies navegando pelas guias no lado esquerdo.
Cookies estritamente necessários
Cookies estritamente necessários devem estar sempre ativados para que possamos salvar suas preferências para configurações de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará ativar ou desativar os cookies novamente.
Cookies de terceiros
Este site usa ferramentas de terceiros, como Google Analytics, Google Adsense, entre outros, para coletar informações anônimas, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares.
Manter este cookie ativado nos ajuda a melhorar nosso site.
Ative primeiro os Cookies estritamente necessários para que possamos salvar suas preferências!