Dizem por aí que Querido Edward, nova série do Apple TV+, é a nova This Is Us… Não se engane! Uma não poderia ser mais diferente da outra. Maçante e sem carisma, com carga negativa pesada do começo ao fim, Querido Edward é um flop raro do streaming da Apple, cuja ficha corrida apresenta muito mais acertos do que erros. A adaptação do best-seller homônimo funcionaria bem melhor como um filme de duas horas, sem sombra de dúvida. Dez episódios de sofrimento melodramático não dá.
A única comparação possível entre This Is Us e Querido Edward é a conexão de personagens aparentemente distantes que se encontram por causa de um ponto em comum. No caso do drama do Apple TV+, essa união vem em forma de luto. Fora isso, esquece. Falta bastante coisa para Querido Edward ser minimamente atraente. Apelar para o choro e a emoção sem uma sustentação inteligente e bem feita é um truque barato.
This Is Us não foi uma trama perfeita. Quando esteve no vale, lá por volta da terceira temporada, o drama chororô se perdeu nessa de sugar toda a energia do telespectador. Foi um período no qual a atração colocou personagens em depressão, sem empregos… O público ficou extenuado.
A história de Querido Edward
O começo da Querido Edward traz vários personagens desconectados entre si. Tem uma assessora política, atriz, uma família tradicional… Todos vão embarcar em um avião, de Nova York a Los Angeles, ou são próximos de alguém que vai estar no voo. A aeronave cai, todos a bordo morrem, menos um: o Edward, do título da série, interpretado por Colin O’Brien.
Daí em diante, a narrativa espreme até o talo o luto de pessoas que perderam entes queridos na tragédia. Entretanto, quase todos os personagens são mal explorados e desenvolvidos. A sensação é de repulsa e não de empatia para com eles. O resultado disso é o tédio.
Os personagens enlutados, no papel, provocam interesse, são simpáticos. Acontece que a adaptação para a tela não rolou da mesma forma. Não existem motivos que levam a querer acompanhar, com afinco, as respectivas jornadas de cada um.
Taylor Schilling escapa
Como nenhuma desgraça é completa, alguém escapa. Taylor Schilling ganha um palco para mostrar todo o seu talento. Indicada ao Emmy por Orange Is the New Black, ela se entrega em um papel difícil, desafiador e bem dramático, vivendo a Tia Lacey, a responsável por cuidar de Edward após o acidente.
O detalhe é que Lacey há anos tenta engravidar, sofrendo três abortos espontâneos que praticamente minam qualquer chance de ter um bebê. Isso causa tensão no casamento, pois o marido sugere adoção, mas Lacey é irredutível na busca da gravidez. Edward chega no meio desse turbilhão.
Lacey é a única personagem da série com profundidade. Nela se tem a dor do luto (perdeu a irmã que estava no voo), a esperança de cuidar de um milagre (o sobrevivente Edward) e a dúvida se tem condições de fato de fazer o que sempre sonhou: cuidar de uma criança.
O problema é que a história de Lacey é entrelaçada às dos outros personagens fracos de Querido Edward. Tem de ter muita paciência para só focar nela e esquecer os demais.
Com essa série, o Apple TV+ prova que não é perfeito. Raramente a plataforma paga mico com alguma atração ruim, mas essa foi uma clamorosa bola fora. É uma experiência angustiante e não recomendável.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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