COMÉDIA MAGISTRAL

Crítica: genial, 3ª temporada de Atlanta incomoda e diverte na dose certa

Série retorna com episódios inéditos após hiato de quatro anos
DIVULGAÇÃO/FX
Brian Tyree Henry na 3ª temporada de Atlanta
Brian Tyree Henry na 3ª temporada de Atlanta

A terceira temporada de Atlanta, disponível na Netflix a partir de sexta-feira (24), prova que a série de Donald Glover é realmente única, sem igual na TV. Aguardar quatro anos por novos episódios valeu a pena, pois a atração vem no melhor de sua forma com uma leva genial, incomodando na dose certa ao tocar em assuntos delicados da vida em sociedade, mas sem deixar de lado a diversão. E artisticamente está impecável.

Atlanta nunca foi uma comédia convencional. Porém, desta vez a brisa é ousada até pelos próprios parâmetros. O público fica meio confuso logo com o primeiro episódio, pois parece ser uma outra série, sem aqueles personagens conhecidos por todos. Eis, então, um esclarecimento necessário.

A narrativa principal de Atlanta tem a Europa como pano de fundo. O rapper Al “Paper Boi” (Brian Tyree Henry) está em uma turnê atravessando o Velho Continente, acompanhado pelo empresário/primo Earn (Donald Glover) e pelo parceiro de todos os perrengues, Darius (LaKeith Stanfield). A terceira temporada conta com episódios sobre essa aventura e traz capítulos com histórias à parte, como é o caso do primeiro.

Com tramas delirantes, essas histórias paralelas provocam uma inquietação no telespectador. Cabe a cada um entender o que os contos e personagens apresentados significam. É o mundo real? São sonhos de Earn? Preste bem atenção e tire sua conclusão.

Os episódios paralelos são os mais críticos, pelo ponto de vista social. Tem um menino preto adotado por um casal de lésbicas brancas (primeiro episódio), outro com uma abordagem prática e real sobre reparação história acerca da escravidão de pretos imposta por brancos (quarto)…

E, talvez o melhor, sobre mestiçagem (nono): um homem rico promete pagar de forma integral cursos universitários para estudantes pretos de uma escola do ensino médio. O detalhe é que eles precisam provar que são pretos; quem é mestiço e de pele clara se atrapalha nessa hora.

Outro destaque desses episódios com histórias paralelas é o sétimo, também de fácil identificação para os brasileiros. Uma casal rico, branco, de Nova York sofre para se conectar com o filho após a babá do garoto, preta, morrer. Isso porque era a babá quem passava mais tempo com o filho do que o próprio pai e mãe. Por outro lado, a filha da babá revelou que tinha pouco contato com a mãe, mais dedicada a cuidar do filho dos outros…

Elenco de Atlanta em cena da terceira temporada
Elenco de Atlanta em cena da terceira temporada

Na trama principal, Paper Boi curte tudo e mais um pouco passando por Dinamarca, Holanda, Paris, Hungria, Inglaterra… Não tem um lugar onde uma coisa bizarra não aconteça. Como em Amsterdã: o rapper recusou se apresentar em um show porque o público estava comemorando a festa tradicional de Pedro Negro (brancos fazendo blackface).

Especialmente nesta temporada, Brian Tyree Henry excede em brilhantismo na pele de Al. Ele é quem lidera as melhores histórias na Europa, com seu personagem em uma posição ímpar. É um rapper americano preto, de origem humilde, fazendo sucesso na Europa em nações cuja população predominantemente é branca. Não é por acaso que metade dessa temporada de Atlanta se passa no Velho Continente.


Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.

Siga nas redes

Fale conosco

Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
contato@diariodeseries.com.br
magnifiercross