
As séries filhotes de The Walking Dead estão longe da glória e da qualidade do drama zumbi consagrado. Após Dead City, com Maggie e Negan, ter perdido qualidade, agora é a vez de Daryl Dixon mostrar desgaste e fadiga, tornando-se previsível e com um tipo de susto café-com-leite no melhor estilo Noites do Terror do Playcenter: nenhum zumbi ou assombração ali vai te pegar de verdade.
A terceira temporada de Daryl Dixon, que estreia no Prime Video na segunda-feira (20), é um exemplo claro disso. Logo nos primeiros minutos, uma cena espetacular com Daryl Dixon (Norman Reedus) e Carol (Melissa McBride) foi feita para tentar colocar o espectador em pânico, pois uma vasta horda de zumbis cerca os protagonistas, que estão em busca de abrigo na cidade de Londres.
Contudo, tal qual o evento nostálgico e épico de horror do Playcenter, nada de trágico vai acontecer ali. O público sabe muito bem que os dois vão sair totalmente ilesos da enrascada, sem realmente serem ameaçados pelos mortos-vivos, e vão encontrar o lugar seguro que tanto procuram.
A série perde a graça por isso, porque todo mundo tem ciência de que nenhum dos dois personagens vai morrer ou passar por grandes apuros, ainda mais no começo de temporada, mesmo ao se deparar com dezenas e dezenas de zumbis. A série-mãe The Walking Dead, por muito menos, colocou personagens em perigo.
Dessa forma, a experiência de acompanhar a trama de Daryl Dixon torna-se tediosa. E tem outro ponto fraco que só piora o cenário.
O drama que segue os passos do galã do apocalipse zumbi não escapa do ciclo maçante de lutar contra zumbis, encontrar abrigo, sair em busca de mantimentos, lutar contra zumbis, encontrar abrigo, sair em busca de mantimentos…
Principalmente para quem é veterano de The Walking Dead, acompanhando a saga desde 2010, fica extremamente chato ver o mesmo modelo batido sendo repetido, sem quase nenhuma novidade.
O resultado disso se reflete em avaliações medianas da crítica especializada. A terceira temporada de Daryl Dixon recebeu a nota 65 (de 100) no site Metacritic, que compila reviews da imprensa de língua inglesa. As levas anteriores ganharam as notas 62 (segunda) e 67 (primeira).
Ao menos o sofrimento está com os dias contados. A série foi renovada para a quarta e última temporada. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br