Rotulada como “desastrosa” e “ordinária”, Citadel virou alvo fácil. Em parte, isso se deve pelo viés negativo antecipado, por causa das inúmeras confusões nos bastidores e o valor astronômico da produção. Contudo, o novo badalado drama do Prime Video apresenta de forma correta uma história atraente e muito bem contada, um fator positivo que merece ser destacado.
Citadel tinha brecha para ser aqueles dramas cabeçudos e complicados, que precisam de um manual para ser entendido. A base da história é uma agência internacional de espiões, chamada de Citadel, criada para atuar em prol da humanidade (ao menos é o que eles dizem e acreditam), sempre fazendo o bem, “leal a ninguém e nenhum país.”
Ela é derrubada pela Mantícora, um poderoso sindicato que manipula o mundo, comandado pelas oito famílias mais ricas da face da Terra (o Brasil está no esquema, entrando com a influência e poder da “produção de alimentos”).
Toda a base da narrativa é desenrolada pelo personagem Bernard Orlick (Stanley Tucci). Ele destrincha o que é a Citadel, o que faz a Mantícora e o que está em jogo. Não basta o sindicato acumular riqueza e poder, às custas do caos no mundo: crise do petróleo, apagões de energia, guerras… A organização quer obter acesso aos códigos de todas as armas nucleares do planeta.
Assim, o espectador fica por dentro da série, logo no primeiro episódio. Aliás, o piloto de Citadel é um exemplo de como um capítulo de estreia deve ser. Tem ação e mistério na medida certa, sem esquecer do mais básico, que é justamente deixar claro ao público qual é o objetivo elementar da trama.
Como uma boa série sobre espiões, não se deve acreditar piamente no que é apresentado logo de cara. Há bastante cinza entre o preto e o branco. Por isso, o espectador tem de usar a cautela ao apostar as suas fichas, pois a dúvida em relação ao que acreditar é muito bem-vinda.
Quem ali está realmente dizendo a verdade? Até onde é válido ir para encontrar respostas? Nesse quesito, Citadel acertou em cheio ao estabelcer a jornada dos dois principais personagens.
Quando a agência Citadel caiu, há oito anos, Mason Kane/Kyle Connor (Richard Madden) e Nadia Sinh/Charlotte Vernon (Priyanka Chopra Jonas) tiveram suas memórias apagadas. Existe um frasco único e pessoal, recuperado pelo agente Mason/Kyle, capaz de recuperar tudo aquilo que foi perdido. Kyle, porém, perdeu o dele, mas o de Nadia/Charlotte seguiu intacto.
Nadia usa o artefato, injetado no pescoço, e recupera a memória. E aí? Ela agora lembra de todas as coisas do passado, enquanto o colega está no vácuo. Será que ela vai contar tudo o que sabe para Kyle? O que ela vai optar por revelar e o que irá esconder?
Dessa maneira, Citadel criou uma boa motivação para seguir acompanhando a narrativa após os dois primeiros episódios, lançados na última sexta (28). E o dinamismo impera, com capítulos por volta de 40 minutos de cena.
Claro, saber que essa série custou R$ 1,5 bilhão (US$ 300 milhões) gera a pergunta óbvia: onde foi gasto tanto dinheiro? Isso pelo fato de, no contexto geral, Citadel parecer ser mesmo um drama de ação e espionagem padrão, sem nada de excepcional, com efeitos pirotécnicos e afins. O que, em hipótese alguma, estraga a boa largada da trama. É torcer para que a aterrissagem seja boa também.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
Siga nas redes
Fale conosco
Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível para o usuário. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar a nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Você pode ajustar todas as configurações de cookies navegando pelas guias no lado esquerdo.
Cookies estritamente necessários
Cookies estritamente necessários devem estar sempre ativados para que possamos salvar suas preferências para configurações de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará ativar ou desativar os cookies novamente.
Cookies de terceiros
Este site usa ferramentas de terceiros, como Google Analytics, Google Adsense, entre outros, para coletar informações anônimas, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares.
Manter este cookie ativado nos ajuda a melhorar nosso site.
Ative primeiro os Cookies estritamente necessários para que possamos salvar suas preferências!