A quarta e última temporada de Atlanta chega na sexta-feira (15), na Netflix, voltando às origens. Após as aventuras insanas pela Europa na leva anterior, a trama retorna à cidade de Atlanta focando somente nos quatro personagens centrais, isso após um pacote de episódios com histórias paralelas sem o envolvimento dos protagonistas. Provando ser única, a comédia aclamada e nada convencional faz uma despedida de gala e impecável.
Não existe série igual a Atlanta quando o assunto é crítica social e racial. Fazendo uso do afro-surrealismo, a produção só entrega episódios sagazes e afiados, nunca deixando de lado seu jeito bem peculiar de fazer comédia, muitas vezes apostando no bizarro.
Nesta quarta temporada, o quarteto Earn (Donald Glover), Alfred “Paper Boi” (Brian Tyree Henry), Darius (Lakeith Stanfield) e Van (Zazie Beetz) concluem suas respectivas jornadas adequadamente. Essa leva de Atlanta fala muito sobre legado, a marca a ser deixada no mundo; por isso a necessidade de retomar o foco nos protagonistas.
Artisticamente, Atlanta mantém o alto nível com suas escolhas já bem características, como as câmeras estáticas, enquadramento que deixa o ator livre para aflorar os sentimentos dos personagens. Isso deixa a atuação mais viva e palpável.
Atlanta sendo Atlanta
Nesta quarta temporada, Atlanta bebe de sua fonte sem se repetir. Há um avanço narrativo evidente, porém percebe-se que muito da primeira leva está aqui. Fecha-se o ciclo, dessa forma.
Aquelas viagens brisantes não poderiam estar ausentes da trama no final. Então, prepare-se para ver Darius em suas caminhadas sempre doidonas, como ter de fugir de uma mulher branca que tenta esfaqueá-lo porque ele está com uma air fryer em mãos; ela acredita que ele roubou o eletrodoméstico.
Al também embarca em aventura delirante ao crer que um rapper morto recentemente, chamado de Blueblood, deixou mensagens subliminares em seu último álbum, recados que seriam uma espécie de dicas levando a uma caça ao tesouro.
Earn, por sua vez, entra na terapia. Nesse ponto, Atlanta brinca com a questão do protagonista de série no divã, carta na manga manjada em Hollywood. O recurso dramático serve para o público conhecer segredos do passado de Earn, como o motivo de ter sido expulso da prestigiada Universidade de Princeton. Tem também crítica sobre a aversão de pessoas pretas, nos Estados Unidos, com terapia e tratamentos relacionados.
Já Van tem um episódio inteiro só para si, parte do delírio crítico de Atlanta. Ela aceita um trabalho como atriz em uma sitcom e acaba ficando desnorteada dentro de uma produtora enigmática cujas atrações são voltadas ao público preto. Aqui a série aborda, com sarcasmo, esse braço da indústria de entretenimento americana.
Tem ainda uma realidade alternativa com um homem preto assumindo o cargo de CEO (diretor-executivo) da Disney; há uma boa desconstrução do personagem Pateta. Fora um serial killer que mata pessoas que fizeram a dancinha da música Crank That, hit de 2007 do rapper Soulja Boy; Al tem um vídeo no YouTube fazendo os passos e teme ser o próximo alvo.
Ainda sobra espaço para histórias mais tenras, como quando Earn e Van, durante uma acampamento, tentam resolver todas as questões problemáticas do relacionamento.
Mesmo sabendo das premissas de alguns episódios da quarta e última temporada de Atlanta, não tem como imaginar como será o desfecho de cada capítulo. Isso é um dos grandes baratos da série, pois cada episódio é singular e surpreendente.
Atlanta termina afirmando seu legado como uma das melhores produções deste século, uma das séries mais engraçadas (e bizarras) já feitas.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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