DUELO CONTRA A MÁQUINA

Como roteiristas de Hollywood armam defesa contra avanço do ChatGPT

Sindicato da categoria quer frear ataque agressivo da inteligência artificial
DIVULGAÇÃO/SHUTTERSTOCK
Roteiristas de Hollywood temem avanço da inteligência artificial
Roteiristas de Hollywood temem avanço da inteligência artificial

O avanço da inteligência artificial (IA) assusta pessoas ao redor do mundo, incluindo os roteiristas de Hollywood. As possibilidades oferecidas pela plataforma ChatGPT, de escrever textos relativamente coesos sobre qualquer assunto, são capazes de elaborar premissas de séries e até mesmo criar um esboço de roteiro. Por isso, o sindicato da categoria age rapidamente para impedir que o robô tome conta da indústria de entretenimento americana.

Em 1º de maio, chega ao fim o atual contrato que o WGA (sindicato dos roteiristas) tem com as produtoras e estúdios de Hollywood. As negociações para a renovação vão começar já neste mês, a partir do dia 20. No primeiro documento que lista as exigências da entidade, além da busca por maiores salários e melhorias nas condições de trabalho, está um item fora do comum: “regular o uso de material produzido via inteligência artificial ou tecnologias similares.“

A chegada do ChatGPT é assunto discutido em vários setores da sociedade, seja em uma empresa ou nas escolas. Isso porque qualquer indivíduo pode usar essa ferramenta para “escrever“ um texto em questão de segundos. Mesmo não sendo perfeito, basta realizar pequenos ajustes para que fique como se determinada pessoa realmente tivesse pensado e escrito aquilo organicamente.

O WGA quer cortar o mal logo na raiz, se antecipando a um possível futuro no qual o ser humano não precisará intervir no tal texto. Se uma máquina pode produzir um roteiro ou premissa de série, qual será o valor de um roteirista nos anos vindouros? Por isso é interessante que o sindicato se posicione em defesa da função.

Porque, de fato, é assustador o tal ChatGPT. O Diário de Séries fez um teste com a máquina, perguntando a se ela tinha alguma ideia sobre um reboot de Friends. Em menos de 30 segundos veio a resposta, com direito até a contextualização do cenário atual da sociedade.

“O humor e o tom da série devem permanecer fiéis ao original, mas também devem refletir as mudanças que ocorreram na sociedade nas últimas duas décadas. O reboot deve abordar questões mais relevantes e atuais, como tecnologia, política e mídia social. A série também deve contar com um elenco mais diversificado, tanto em termos de raça quanto de orientação sexual. Isso permitiria mais representação e inclusão, o que é importante no cenário televisivo atual.”

Percebe-se aí que a inteligência artificial abordou questões sensíveis que geram críticas à Friends original, como a falta de diversidade no elenco (predominantemente branco). O ChatGPT elaborou um texto de sete parágrafos sobre esse remake de Friends. Como dito, apenas uns ajustes aqui e ali na proposta deixariam a premissa apresentável, ou no mínimo serviria de base para algo mais caprichado.

Como que o WGA iria detectar roteiros ou premissas feitas pelo robô? Essa é uma pergunta cuja resposta não existe, por enquanto. Justamente nesse período de negociações com os patrões que os roteiristas podem determinar barreiras que impeçam a entrada de roteiros e ideias artificiais em Hollywood. 

Se essa guerra não for vencida contra a máquina, a solução dos humanos será exigir do ChatGPT uma carteirinha de integrante do WGA para poder assinar trabalhos em Hollywood…


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