A greve dos roteiristas em Hollywood completou uma semana fazendo estragos. Séries tiveram produções interrompidas ou foram completamente suspensas por causa da paralisação. Essas duas consequências são resultados da movimentação da categoria de parar a indústria de entretenimento americana até que as reivindicações do sindicato (WGA) sejam atendidas pela AMPTP, entidade patronal que representa os nove maiores estúdios hollywoodianos.
Vale destacar a diferença entre uma série interrompida e outra suspensa. O segundo tópico é o mais simples de ser entendido. Trata-se daquela atração que ainda está no período de desenvolvimento, ou seja, bem no momento no qual os roteiros estão sendo escritos.
Daí, a ordem do sindicato é que os roteiristas cruzem os braços e não escrevam uma linha sequer de roteiro. Isso culmina na cessação dos trabalhos da série em questão por tempo indeterminado. Se encaixam nesse cenário O Cavaleiro dos Sete Reinos (spin-off de Game of Thrones), Stranger Things, Cobra Kai, Yellowjackets, entre outras.
A outra forma de paralisação é a interrupção nas gravações de uma série, mesmo que por algumas horas ou um único dia. Aqui entra em jogo o companheirismo de outros profissionais de Hollywood e alguns detalhes técnicos legais.
Nesse exemplo, a série já foi toda roteirizada e pode ser gravada, sem a participação de roteiristas no set. É o que estão fazendo A Casa do Dragão e Os Anéis de Poder (mas isso no Reino Unido). Nos Estados Unidos, uma lei trabalhista permite que os grevistas interfiram no andamento dos trabalhos de uma atração qualquer.
Se ao menos dois trabalhadores grevistas (roteiristas, no caso) estiverem fazendo um piquete (segurando placas com mensagens de ordem) em frente ao set de uma série ou produtora, trabalhadores de outros sindicatos podem se recusar a passar por esse piquete, não sendo assim um fura-greve.
Dessa forma, maquiadores, figurinistas, técnicos de som, entre outros operários, têm o direito reservado de se solidarizar com os colegas roteiristas e não trabalhar naquele expediente. Um estúdio é bastante prejudicado com isso, chegando a perder por volta de meio milhão de reais (US$ 100 mil) com um dia de trabalho perdido.
Produções de Billions, Evil, Ruptura, Fortuna, Demolidor: Renascido por exemplo, foram interrompidas momentaneamente na última semana. Ações desse tipo são organizadas diariamente pelo WGA, que arma piquetes estratégicos em Los Angeles e Nova York para ferir o bolso dos patrões. Tudo dentro da lei.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br