Antes da estreia, Paradise foi vendida pela Disney como série política, beirando o drama policial. A premissa oficial: uma comunidade idílica, habitada por alguns dos indivíduos mais proeminentes do mundo, entra em choque após um assassinato chocante que acaba com a tranquilidade e desencadeia uma investigação de alto risco, colocando Xavier Collins (Sterling K. Brown), chefe de segurança de um ex-presidente dos Estados Unidos, na mira.
Quem viu o primeiro episódio no Disney+ sabe que a trama vai além disso. A tal comunidade idílica é, na verdade, uma cidade subterrânea erguida para abrigar apenas dezenas de milhares de pessoas escolhidas a dedo para escapar do fim do mundo. O lugar artificial esconde segredos comprometedores.
Essa veia distópica de Paradise é a grande reviravolta da série. Na atual era de vazamentos de informações aos montes, o time de marketing da Disney montou um esquema mirabolante para manter esse plot twist selado até o dia do lançamento, driblando jornalistas, influenceres e toda a turma inserida na cobertura de Hollywood. E não foi nada simples de fazer.
O segredo de Paradise
Shannon Ryan, chefe de marketing da Disney Entertainment Television, foi quem liderou a cruzada para proteger o segredo de Paradise. Assim que soube da reviravolta em conversas com Dan Fogelman, criador da série, ela passou a pensar em um plano com o objetivo de não revelar nada sobre a reviravolta nas campanhas de promoção do drama.
“Queríamos que os espectadores pudessem eles mesmos, na hora em que estivessem assistindo à série, se deparar com a virada e a surpresa da narrativa”, disse a executiva, em entrevista ao site Variety. “Ou seja, nós não poderíamos incluir o plot twist nas campanhas, escondendo assim alguns elementos da história em tudo [de vídeos teasers a fotos, por exemplo].”
O foco do time de marketing da Disney era proteger a experiência única e autêntica da audiência ao ver Paradise pela primeira vez. Uma ideia foi gravar reações de pessoas que assistiram ao primeiro episódio e montar uma linha de comerciais com isso, indicando que a série teria uma grande surpresa, mas sem contar nada sobre ela com antecedência.
Shannon informou que o projeto de marketing foi concretizado seis meses antes de Paradise estrear. Tiveram de ser elaboradas várias diretrizes e cláusulas sobre o que poderia ser dito ou não. Todo o elenco foi proibido de tocar em certos temas, sendo treinado para fugir de perguntas capciosas da imprensa.
A estratégia foi pavimentar um caminho para a própria trama ter essa força de atrair o público que, após descobrir o segredo-chave da história, pudesse ser fisgado.
“Achamos que, se os espectadores pudessem vivenciar a reviravolta sem nenhuma referência prévia, eles provavelmente ficariam grudados na tela [para ver os outros episódios]. Não há melhor maneira de vender uma série tão cheia de reviravoltas e ação como Paradise do que a própria série em si”, comentou Shannon. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br