A Comic Con Experience (CCXP), tida como a maior feira geek do mundo, se colocou em uma polêmica desnecessária. A organização do evento deste ano, junto com a assessoria de imprensa (Approach), negou a credencial de cobertura jornalística para diversos influencers e sites especializados em games, séries, filmes e cultura pop. Assim, a CCXP cospe no prato que come, pois barra a entrada de profissionais que falam sobre o conteúdo que o público do evento consome.
Na última sexta-feira (11), influencers da cultura pop e sites especializados receberam a negativa do credenciamento (esclarecimento: o Diário de Séries também foi barrado). Muitos usaram as redes sociais para expor o ocorrido, com dosagem de espanto porque em edições anteriores foram aceitos. E logo se percebeu que outras tantas pessoas também estavam no mesmo barco.
Na essência, a CCXP precisa de todos esses profissionais que foram barrados. São eles que, diariamente, falam sobre o universo geek que sustenta o evento, incluindo a divulgação de novidades sobre a própria feira, como notícias de artistas convidados e etc.
O que a CCXP fez agora destoa completamente de ações em anos anteriores, quando o evento mostrou-se acolhedor e parceiro dos mais diversos produtores de conteúdo do Brasil. Havia uma sinergia entre ambas as partes, um sentimento de carinho e pertencimento. Isso se perdeu com essa postura bastante grosseira da organização.
É claro que a CCXP não tem condições de receber todos os influencers e jornalistas que estão inseridos no mundo pop. Contudo, o que chama a atenção desta vez é que pessoas que foram aceitas em edições do passado foram recusadas, mesmo com dezenas de milhares de engajamento nas redes sociais e audiência online respeitável; fora a boa qualidade do conteúdo criado.
Quais os critérios da CCXP para barrar credenciamento?
Em outubro, a empresa Approach, que cuida da assessoria de imprensa da CCXP neste ano, mandou para influencers e jornalistas o link de credenciamento. Lá, foi pontuado alguns critérios para aprovação: “relevância, linha editorial, tiragem/audiência/engajamento e abrangência de cada veículo, priorizando a imprensa especializada em conteúdo que possua sinergia com a proposta da CCXP.”
O que pegou aí foi a frase “sinergia com a proposta da CCXP”. Evidentemente, grandes sites e veículos, assim como influencers consagrados, foram credenciados (alguns até colocados como embaixadores do evento). Porém, como que ficam os outros tantos que também produzem conteúdo e contam com público fiel e respeitável? Estas pessoas não têm “sinergia com a proposta da CCXP”?
Ao avisar sobre a negação do credenciamento, a Approach informou que “serão disponibilizados materiais de divulgação, como releases e imagens em alta resolução. Para ter acesso ao conteúdo entre em contato com a Approach”. Traduzindo: “você não foi convidado, mas cobre para nós o evento mesmo assim, tá bom? A gente vai precisar de mídia.”
Fechar as portas assim, de forma tão deselegante e antiprofissional, é mais uma mancha da atual CCXP com os produtores brasileiros de conteúdo geek e pop. Lembrando que a organização pediu a colaboração de influencers e jornalistas para votar em uma premiação sem pagar por isso. Fora que quem foi convidado para participar desse prêmio teve a credencial negada.
Veja algumas reclamações sobre o credenciamento de imprensa à CCXP 22:
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br