Drama médico mais popular de todos os tempos, Grey’s Anatomy completa 20 anos neste mês (dia 27), provando ser inimiga do fim e ganhando novos e jovens telespectadores temporada após temporada. Entre tantas marcas da série, os casos bizarros estão entre os melhores momentos, quase todos baseados em histórias reais (ou possíveis de acontecer, vale registrar).
Até mesmo para chamar a atenção do público, Grey’s Anatomy explorou todo tipo de paciente esquisito nas primeiras temporadas, quando o Grey Sloan Memorial Hospital era ainda o Seattle Grace. Com o passar do tempo, os roteiristas do drama médico reduziram esse tipo de abordagem, que agora aparece apenas ocasionalmente.
Em 2017, durante a campanha de celebração do episódio 300, a série lançou uma coleção de vídeos batizada de Grey’s Anatomy: Post-Op (Grey’s Anatomy: Pós-Operação) sobre segredos dos bastidores. Um dos episódios tratou exclusivamente das bizarrices, com médicos de verdade falando sobre como muitos dos casos foram, de fato, inspirados em histórias reais. Esses profissionais eram consultores da atração justamente com a missão de dar veracidade aos pacientes examinados pelos médicos-personagens.
O Diário de Séries selecionou cinco casos bizarros de Grey’s Anatomy que valem ser analisados em detalhes. Confira:
Homem grávido
sétimo episódio da segunda temporada (2005)
Joe Sikora (Power) interpretou Shane Herman, paciente que jurava estar grávido. O rapaz apresentava a barriga inchada, realmente, mas “grávido”? Pior que o teste de gravidez feito por ele deu positivo…
Na verdade, Herman não tinha um bebê em suas entranhas: era um tumor (raro e maligno) chamado de teratoma. A médica Zoanne Clark explicou a base desse caso em uma edição do Grey’s Anatomy: Post-Op.
“Eu descobri que poderíamos dar vida a um homem com teratoma, que basicamente é um tumor com pequenos pedaços de tecidos, dente, cabelo, unhas…”, falou a especialista em atendimento de emergência. “Um dos hormônios produzidos por esse tumor é o HCG, que faz o exame de gravidez ficar positivo. Então, quando eu juntei essas peças, falei: ‘Feito! Temos um caso curioso e sabemos exatamente como fazer’.”
O caso foi resolvido pelos médicos-personagens. A massa foi retirada e o paciente se livrou do pior.
Bomba dentro do corpo
16º episódio da segunda temporada (2006)
Esse episódio é citado como um dos melhores de toda a história de Grey’s Anatomy (data hoje, são 439 episódios; e contando…).
Aqui, se deu uma das emergências médicas mais assustadoras do drama. No centro da narrativa estava James Carlson, homem que construiu uma bazuca, acompanhado do melhor amigo. Acontece que a tal bazuca, acidentalmente, explodiu com James bem na frente dela, enterrando-se em seu peito.
Com uma bomba no peito do paciente, os médicos tiveram que se proteger do artefato enquanto também tentavam salvar sua vida.
Meredith Grey (Ellen Pompeo) assumiu a responsabilidade de liderar a cirurgia, arriscando a própria vida para salvar não apenas Carlson, mas a todos do hospital. A bomba foi removida e o paciente escapou do perigo. Porém, o explosivo foi detonado de repente, vitimando um integrante do esquadrão antibombas presente no local.
Máquina de orgasmos
18º episódio da segunda temporada (2006)
Imagine ter sete, oito orgasmos todos os dias… Mas detalhe: nenhum deles é por vontade própria. Os médicos de Grey’s se depararam com uma situação inusitada ao atender a paciente Pamela Calva (Arlene Tur), que entrou no hospital depois de causar um acidente de carro.
Para surpresa dos doutores, especialmente de George O’Malley (T.R. Knight) e Izzie Stevens (Katherine Heigl), que fizeram exames nela, o problema não era traumas resultantes da batida. Pamela não conseguia se controlar, se contorcendo e gemendo alto, por ter orgasmos espontâneos.
Quem chegou para resolver a situação constrangedora foi a ginecologista Addison Montgomery (Kate Walsh), que descobriu a razão do problema, ofereceu um tratamento adequado e a paciente ficou sã e salva dos vexames.
Audição plena
22º episódio da sexta temporada (2010)
Na lista das celebridades que já foram pacientes em Grey’s Anatomy está Demi Lovato, intérprete de Hayley May, jovem com um diagnóstico incomum: ela simplesmente ouvia todos os seus órgãos se mexendo pelo corpo. De cara, Hayley foi classificada como louca, como se tivesse esquizofrenia.
O caso foi incomum, todavia não mentiroso. No programa Grey’s Anatomy: Post-Op, a médica Zoanne explicou essa condição rara, chamada de deiscência do canal semicircular superior. “É algo tão real que, logo após o episódio ser exibido, recebemos uma carta de uma mãe que tinha problemas com sua filha, pois iam de médico em médico sem achar o diagnóstico correto dela.”
“A mãe voltou a levar a filha a um hospital e pediu para a garota ser testada novamente, agora com o conhecimento da síndrome. E era justamente isso o que a menina tinha.”
Transplante peniano
quinto episódio da oitava temporada (2011)
Grey’s Anatomy é cheio de transplantes diversos, dos mais simples aos complexos (como de coração). Que tal um transplante peniano? Foi o que aconteceu com o paciente Ryan (Mason McCulley), sob os cuidados de Catherine Avery (Debbie Allen), em um caso inédito na história da medicina americana (isso no universo de Grey’s).
Ryan foi diagnosticado com câncer peniano, doença que acabou avançando a ponto de ele ter que passar por uma penectomia completa para que a cura fosse possível. A operação foi um sucesso, e Ryan foi curado.
Antes, o chefe de cirurgia Mark Sloan (Eric Dane) havia sugerido uma amputação total, pura e simples. Contudo, Catherine colocou na mesa a possibilidade de um transplante peniano que, além de possível, seria uma ótima oportunidade de ensinar os residentes a fazer algo fora da normalidade. Então, se deu o primeiro transplante peniano da história dos EUA. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br