ATRITO BÍBLICO

A briga cristã e cortês que abala os bastidores da série The Chosen

Entrave jurídico travou o lançamento da 4ª temporada no streaming
DIVULGAÇÃO
Cena da série religiosa The Chosen
Cena da série religiosa The Chosen

Com bastante atraso, após ser exibida completa nos cinemas, a quarta temporada de The Chosen será lançada no streaming oficial da série, em 2 de junho; dois episódios por semana, aos domingos e quintas. O anúncio foi feito pelo criador, diretor e showrunner do drama religioso, Dallas Jenkins, depois de um entrave jurídico ser resolvido com a distribuidora Angel Studios. Essa briga, contudo, ainda não terminou.

O curioso desse conflito sobre questões burocráticas, mas de suma importância para o futuro da série por tratar dos direitos de distribuição via streaming dos episódios, é o tom dos posicionamentos de ambos os lados. Ao menos por enquanto, a cordialidade impera.

Na última quarta-feira (29), Jenkins apareceu em um vídeo explicando o seu lado nesse duelo. Logo em seguida, a Angel Studios divulgou uma nota assassinada por Neal Harmon, CEO (diretor-executivo) da empresa, dizendo que um recurso será protocolado para reverter a decisão que permitiu à companhia The Chosen LLC, produtora da atração, romper o contrato com a Angel Studios. Pode brotar outra disputa entre advogados que travaria novamente a distribuição da atração.

A raiz da briga entre The Chosen e Angel Studios

The Chosen nasceu em 2017 da parceria entre Dallas Jenkins e a Angel Studios. O showrunner ficou com a parte criativa da trama, e a distribuidora se encarregou de espalhar a série ao redor do mundo da forma mais abrangente possível. O custo da produção veio de investimento coletivo (crowdfunding), uma vaquinha coletada online para bancar os gastos.

Dallas Jenkins nos bastidores de The Chosen
Dallas Jenkins nos bastidores de The Chosen

No começo, tudo certo, segundo a visão de Jenkins. A primeira temporada custou US$ 11 milhões, valor bem expressivo ao se considerar que foi dinheiro de doação. A Angel Studios lançou The Chosen na plataforma homônima da distribuidora, porém a série tinha o seu streaming oficial também.

Com o avançar das temporadas, o orçamento aumentou. Especula-se que a quarta leva saiu por US$ 40 milhões. E Jenkins defende que tem passado aperto para realizar a série. No vídeo em questão, ele comentou que 40% dos fundos arrecadados iam diretamente para a produção de The Chosen, e o restante entrava nas contas do marketing e da Angel Studios. 

A distribuidora refutou essa informação, dizendo que os fundos foram divididos pela metade, sendo que a parte da Angel era justamente para fazer com que The Chosen ficasse disponível gratuitamente no mundo inteiro.

Em 2022, foi quando rachou a relação entre ambas as partes. A The Chosen LLC resolveu criar um novo método de financiamento coletivo, via uma organização sem fins lucrativos, para bancar os altos custos do drama religioso. De tabela, a empresa fechou licenciamentos com todo tipo de streaming e canais/emissoras ao redor do mundo para arrecadar mais dinheiro (Netflix, Globoplay e SBT, no Brasil).

Tais ações não caíram bem na Angel Studios. Por isso, além de acusações sobre quebra de cláusulas contratuais, foram determinados encontros com um mediador neutro para solucionar o imbróglio. A arbitragem deu ganho de causa para a The Chosen LLC

Até nova decisão, Jenkins tem caminho livre para fechar um contrato de exclusividade com qualquer streaming do mercado, por exemplo. Assim, teria uma boa verba para quitar as contas da produção. Independentemente de qualquer ação nessa área, o showrunner assegura que The Chosen sempre estará de graça no streaming oficial da série. Isso ele assegura que nunca vai mudar.

Chama a atenção o esforço de mútuo de manter a briga com aura cristã, resolver as diferenças tentando não usar o rancor ou partindo para a baixaria. São divergências jurídicas discutidas por visões distintas. 

“Queríamos resolver isso de uma forma bíblica, não fazendo disso um espetáculo público”, disse Jenkins. “A arbitragem feita no particular foi a única maneira de resolver isso de uma forma que não prejudicasse a série [ou] a reputação de Jesus. Tanto a Angel quanto The Chosen querem que a série alcance mais de um bilhão de pessoas e nós dois queremos que ela seja sustentável. Obviamente, temos diferenças significativas de opinião sobre como realizar isso e qual deveria ser o nosso futuro. Pessoas do bem podem discordar.”

Em meio a esse turbilhão, The Chosen não tirou o pé do acelerador. Usando o financiamento coletivo que não para de chegar, além de verba arrecadada por outros meios, a quinta temporada está em produção, com a sexta vindo em seguida. A ideia é terminar o drama religioso com a sétima temporada; a sexta será a da crucificação de Jesus Cristo, vivido pelo ator Jonathan Roumie.

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