Black Mirror da mudança climática, Extrapolations é uma série necessária

Quem tem olhos e quer enxergar percebe como a mudança climática afeta a vida da sociedade contemporânea. Do frio ao calor, passando pelas chuvas, tudo está intenso e em proporções jamais vistas. Nova produção do Apple TV+, Extrapolations: Um Futuro Inquietante provoca a reação clássica concretizada na frase “isso é muito Black Mirror” no público que vê como o futuro da humanidade pode ser caso a destruição ambiental só piore.

A necessária trama de Extrapolations começa em 2037. Uma ativista, que nasceu em 2015, lidera um protesto entoando discurso que remete ao passado, quando estudiosos e cientistas alertavam sobre como o aumento da temperatura da Terra iria desencadear um caos na natureza.

E foi isso que aconteceu, com a multiplicação de incêndios, derretimento de geleiras, extinção de animais… e o surgimento de refugiados do clima.

Mesmo nesse cenário, governos e empresas pouco estão se lixando para o clima. Eles não querem, de forma alguma, firmar compromissos para fazer com que o aumento da temperatura no planeta desacelere, que seja controlado. O argumento? Se toparem tal medida, a economia mundial vai afundar (enquanto isso, companhias registram lucros recordes ano após ano). 

Extrapolations conta várias histórias paralelas que, de alguma forma, se conectam. E vai avançando no futuro, de 2037 até 2070. Não é como Black Mirror, com narrativas diferentes a cada episódio.

Nesse mundo vindouro, o bicho-papão atende pelo nome de Nick Bolton (Kit Harrington, ex-Game of Thrones). Ele é o CEO da Alpha, uma empresa de tecnologia poderosíssima líder em todo tipo de setor, cujo principal investimento e na dessalinização e purificação da água. O executivo é o tipo de homem de negócios que vê o capitalismo como remédio para curar o casos climático, refutando que a busca pelo dinheiro tenha sido a causa do problema.

Consequências da mudança climática

Extrapolations elenca várias consequências que o futuro (pode) nos reservar se nada de concreto for feito no cuidado ao meio ambiente. O aquecimento da Terra, lógico, resulta no derretimento de geleiras. Groenlândia, por exemplo, a cada ano diminui de tamanho. A elevação do nível do mar resulta no desaparecimento de cidades costeiras.

Dezenas e dezenas de animais foram extintos: abutre, elefante africano, orangotango, urso polar… Uma simples caminhada ao ar livre é perigosa, devido aos raios de sol; toques de recolher sendo pré-determinados no começo do dia. 

Comunidades mais pobres desaparecem do mapa em cidades que foram tomadas pelas águas; os mais ricos vão morar nos pontos mais altos. Por causa das queimadas constantes, a fumaça impera. E o céu apresenta uma cor amarelada intensa.

Elenco A+, trama nem tanto

Embora essencial, Extrapolations não é uma série acima da média (mas também não está abaixo). Se cada episódio fosse mesmo único, sem repercutir em outro, seria melhor. Mas há ligações, mesmo que pequenas, o que gera confusão e expõe falta de coesão em determinadas histórias. Tem aquelas que mereciam menos espaço, outras poderiam ser desenvolvidas com mais tempo de cena.

Além da projeção de como o mundo pode ser em um futuro bem próximo, vale ver o drama da Apple por causa de um elenco ímpar. O que o streaming da maçã fez foi excepcional, reunindo só atores e atrizes da mais alta prateleira hollywoodiana.

Estão na série: Meryl Streep (Big Little Lies), David Schwimmer (Friends), Matthew Rhys (Perry Mason), Yara Shahidi (Grownish), Sienna Miller (The Loudest Voice), Tahar Rahim (The Looming Tower), Edward Norton (filme Birdman), Daveed Diggs (Expresso do Amanhã), Gemma Chan (Humans), Diane Lane (House of Cards), Keri Russell (The Americans), Forest Whitaker (Godfather of Harlem), Murray Bartlett (The White Lotus), Indira Varma (Game of Thrones) e Tobey Maguire (franquia Homem-Aranha).

Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.