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Bebê Rena é o ‘stalking como nunca visto antes’, diz criador e ator

Comédia dramática britânica vira hit por causa da propaganda boca a boca
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Richard Gadd na minissérie Bebê Rena
Richard Gadd na minissérie Bebê Rena

Minissérie Netflix do momento que ganha audiência graças à publicidade boca a boca, Bebê Rena é baseada em uma estranha e perturbadora história real. Por trás do projeto ousado e fora da caixinha está Richard Gadd, humorista escocês que criou o drama de suspense e é o protagonista vivendo Donny Dunn, uma versão ficcional de si mesmo. 

Em entrevista para a própria Netflix, Gadd explicou a ideia por trás da minissérie sobre a experiência que viveu ao ser perseguido e abusado sexualmente quando tinha 20 e poucos anos. Ele destacou um dos objetivos da narrativa: “Eu realmente queria mostrar as camadas do stalking com uma qualidade humana que eu nunca tinha visto na TV antes.”

Baseada na premiada peça solo, sucesso do festival Edinburgh Fringe, Bebê Rena acompanha a relação conturbada entre o comediante Donny Dunn e sua stalker, Martha (Jessica Gunning), revelando o impacto deste envolvimento na vida dele, que é obrigado a confrontar um trauma do passado.

A produção se encaixa perfeitamente na categoria comédia dramática. E essa foi a intenção de Gadd. “A vida é uma comédia dramática”, afirmou. “Em alguns dos lugares mais sombrios em que estive, encontrei risadas de alguma forma. E em alguns dos lugares mais engraçados em que estive, inclusive nos bastidores de clubes de comédia ao lado de outros comediantes, vi situações deprimentes se desenrolarem.”

De fato, Bebê Rena tem um toque sombrio de humor, seguindo o formato pensado pelo humorista: “Sempre pensei que a vida é uma mistura de luz e sombra. Então, eu queria que a série fosse uma mistura dessas duas coisas.”

Séries sobre stalking, incluindo uma literalmente intitulada de Stalker (2014-2015), existem aos montes. Gadd se viu naquela situação de pensar em algo diferente de tudo ao retratar sua história. O objetivo era fugir dos clichês.

“Stalking na televisão tende a ter uma pegada sexual, voyeur, apostando em uma certa mística, como alguém à espreita em um beco escuro”, comentou. “Mas o stalking é uma doença mental, e essa é uma história de perseguição que vira tudo de cabeça para baixo, fugindo do padrão.”

Ele começou a pensar na peça teatral, que serviu de base para a minissérie, bem no auge do stalking que sofria. O que começou como um ato de gentileza, oferecer um chá há uma moça tristonha, resultou em centenas de horas de mensagens de voz e algo em torno de 40 mil e-mails recebidos.

“Foi um dos períodos mais intensos, quando ouvia aquelas mensagens de voz. Eu ia dormir à noite e recebia as mensagens de voz; as palavras dela saltavam pelas minhas pálpebras. Foi assim que a peça nasceu.”

Gadd deixou claro que não é nada fácil interpretar a si mesmo, ainda mais quando está em jogo uma história pesada: “Foi muito desafiador. Não foi uma coisa fácil de fazer. [Porque] você está revivendo um período da sua vida que foi o pior de todos. É como voltar a um incêndio terrível em que você esteve”.

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