
O ator Rockmond Dunbar, conhecido por interpretar Michael Grant na série 911, perdeu a ação judicial que movia contra a Disney após ser demitido do drama socorrista por se recusar a tomar a vacina contra a Covid-19.
Um júri federal em Los Angeles decidiu, de forma unânime, a favor da 20th Television, estúdio pertencente à Disney, e rejeitou a alegação do artista de que seu desligamento teria sido motivado por discriminação religiosa.
Visivelmente abalado ao ouvir o veredito, Dunbar levou as mãos à cabeça e, em prantos, pediu desculpas à mulher e aos filhos que o acompanhavam na audiência. O ator havia processado a empresa em 2022, alegando que seus superiores não respeitaram sua crença nos princípios da Congregation of Universal Wisdom, grupo espiritual que condena vacinas e outras intervenções médicas.
Durante o julgamento, que durou quatro dias, Dunbar afirmou que a vacina representava uma afronta às leis divinas e chegou a classificá-la como parte de uma “guerra espiritual” entre o bem e o mal. “Fiquei ao lado de Deus”, declarou.
A defesa da Disney, conduzida pela advogada Maria Rodriguez, questionou a coerência do ator. Ela apontou que, embora alegasse seguir preceitos que rejeitam medicamentos, Dunbar fazia uso regular de testosterona sintética e anastrozol, substâncias condenadas pelo líder de sua congregação. Ela ainda listou 37 medicamentos comprovadamente usados pelo ator.
Dunbar relatou que ganhava cerca de US$ 100 mil por episódio, mesmo nos capítulos em que seu personagem não aparecia. “Era o emprego dos sonhos, como ganhar na loteria”, disse. Desde a demissão, contudo, ele afirmou enfrentar sérias dificuldades financeiras: “Afundei. Gastei toda a minha aposentadoria. Isso destruiu minha vida financeira.”
Ainda assim, o ator sustentou que agiu obedecendo a uma orientação divina e que não se arrepende. “Podem tirar meus carros, meu dinheiro… não importa. É preciso manter a alma intacta. Esse foi o meu teste espiritual, e eu passei”, afirmou.
Dunbar negou ser “antivacina”, mas reconheceu que seus filhos não receberam nenhuma imunização. Em seu depoimento, chegou a defender teses baseadas em fake news, dizendo acreditar que o imunizante teria causado mais mortes que o próprio vírus e que conteria “células fetais” e “objetos estranhos”.
Para rebater essas afirmações, os advogados da Disney convocaram o médico Glenn Braunstein, consultor da empresa durante a pandemia. O especialista classificou as alegações como “absurdas”, garantindo que as vacinas não contêm doenças vivas nem material fetal. “É um conceito ridículo”, argumentou.
Em comunicado oficial, a 20th Television celebrou o resultado. “Estamos satisfeitos com o veredito de hoje, que confirma que a empresa agiu de forma justa e legal em relação ao senhor Rockmond Dunbar”. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br