
A minissérie mexicana As Mortas, lançamento da Netflix que tem dado o que falar, é adaptação do livro Las Muertas, de Jorge Ibargüengoitia. Por sua vez, o renomado escritor se inspirou na história real das irmãs da família González Valenzuela. A frase que fecha o drama televisivo está na obra literária: “Alguns dos acontecimentos aqui narrados são reais. Todos os personagens são imaginários.”
Ou seja, as irmãs Baladro, Arcángela e Serafina, não existiram. Elas, porém, reúnem características e personalidades das quatro irmãs González Valenzuela, que foram: Delfina, María del Carmen, María Luisa “Eva” e María de Jesús (a caçula).
Elas ganharam o apelido de Las Poquianchis, todas donas de vários bordéis em Guanajuato e Jalisco, no México. Atuaram entre os anos de 1945 e 1964 como um grupo de assassinas em série. Suas vítimas eram, em sua maioria, mulheres que elas privavam da liberdade de trabalhar como prostitutas, embora também assassinassem clientes e bebês das mulheres escravizadas.
O número confirmado de vítimas é de 91, mas acredita-se que elas possam ter matado mais de 150 pessoas.
O fim das irmãs González Valenzuela
A minissérie As Mortas revela que as irmãs Arcángela e Serafina foram condenadas a 35 anos de prisão, sem condicional e sem direito à fiança, por diversos crimes. Contudo, a trama não mostrou o que aconteceu com elas até o final de suas respectivas vidas, somente destacou que passaram a dominar a cadeia na qual cumpriam pena.
Na vida real, as irmãs Delfina, María de Jesús e María Luisa González Valenzuela foram condenadas a 40 anos de prisão, respectivamente, pelos crimes de lenocínio (ato de explorar, estimular ou favorecer a prostituição), sequestro e homicídio qualificado. María del Carmen morreu antes da derrocada da família, em 1949, vítima de um câncer.
Todas as três condenadas foram transferidas para o presídio de Irapuato, localizado no centro do território mexicano, mas apenas uma delas viveu o suficiente para deixar a cadeia:
- Delfina, conhecida como La Poquianchis Mayor, teve um fim trágico em 17 de outubro de 1968, aos 56 anos: sofreu uma hemorragia cerebral após ser atingida na cabeça por um balde de cimento dentro da prisão.
- María Luisa, apelidada de “Eva, La Piernuda”, resistiu até novembro de 1984, quando sucumbiu a um câncer no fígado em sua cela no presídio municipal de Irapuato.
- Apenas María de Jesús conseguiu sobreviver à sentença. Diferentemente das outras duas irmãs mais velhas, passou os últimos anos de vida fora das grades e morreu em liberdade, em meados da década de 1990.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br