
De Jesus a caminho do Calvário ao processo de criação de Chaves e Chapolin, passando pela brisa única de Raul Seixas… O ano de 2025 foi bastante rico em atuações marcantes no mundo das séries, destaques que surgiram dos mais diversos países. Foram trabalhos dignos de aplausos, merecedores de toda exaltação.
Entre esses e outros trabalhos, o Diário de Séries selecionou as dez melhores atuações nas séries de 2025. Foram consideradas apenas atrações exibidas e disponíveis em território brasileiro, de 1º de janeiro até 12 de dezembro. Confira:

Amanda Seyfried – Long Bright River
O drama policial Long Bright River (HBO Max) é clichê, com aquela construção básica da policial que investiga uma onda de crimes enquanto lida com problemas pessoais. Nós já vimos muito isso por aí… Mas o que salva aqui é a atuação precisa de Amanda Seyfried.
Indicada ao Globo de Ouro, Amanda brilha na pele da policial Mickey, um papel bem diferente do que já interpretou durante a carreira. A personagem mergulha em casos de mulheres assassinadas ou desaparecidas que somem das ruas de um bairro pobre da Filadélfia, nos Estados Unidos, enquanto procura a irmã misteriosamente desaparecida.
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Lee Jung-jae – Desprazer em te Conhecer
É muito bom ver o quanto um ator de alto nível é versátil. Após ganhar um Emmy por sua atuação densa e cortante no drama Round 6, Lee Jung-jae arrasa na comédia romântica Desprazer em te Conhecer (Prime Video). Ele se encaixou muito bem no papel de um ator frustrado e famoso, que se vê aprisionado por uma imagem da qual deseja se libertar.
Jung-jae entrega uma interpretação leve e versátil, equilibrando comedimento e carisma interpretando o personagem Lim Hyeon-jun, cuja vaidade e vulnerabilidade emergem de forma envolvente nas interações com Lim Ji-yeon, que vive a jornalista Wi Jeong-sin, contribuindo para o tom satírico da narrativa sobre o mundo do entretenimento.
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Jonathan Roumie – The Chosen
No grupo de atores injustiçados no circuito de premiações hollywoodianas, Jonathan Roumie pode muito bem ser o presidente. Ele foi além das expectativas e entregou uma belíssima e sensível atuação na quinta temporada de The Chosen, quando seu personagem, Jesus Cristo, vive os últimos dias na Terra agonizando, sabendo que, antes de ser preso, será traído por um dos seus mais próximos seguidores.
Porém, ele não foi lembrado nem no Critics Choice nem no Globo de Ouro. Esse desvio de olhar à trama cristã gera a inevitável desconfiança de que um certo preconceito esteja por trás da omissão.
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Julia Dalavia – Dias Perfeitos
A forte e impactante série Dias Perfeitos (Globoplay) só funcionou mesmo, passando a sua mensagem de combate à violência contra a mulher, por causa de Julia Dalavia. Ela brilhou na pele de Clarice, jovem que acaba sendo sequestrada em uma sequência de eventos repugnantes.
Julia soube imprimir toda a sua vertente multifacetada nesse terror psicológico intenso, passando por situações extremas como mergulhar em um lago para fugir do opressor e ficar acorrentada em uma cama enquanto é vítima de abuso sexual. Ela soube transmitir a resistência e o impacto traumático vividos pela personagem ao longo da narrativa.
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Owen Cooper – Adolescência
Antes de Adolescência estrear na Netflix, em março, Owen Cooper era só mais um garoto britânico comum, prestes a emplacar seu primeiro trabalho como ator. Hoje, após o sucesso mundial impressionante da série, o adolescente de 16 anos é um dos atores mais condecorados da indústria do audiovisual, acumulando nove prêmios conquistados, incluindo um Emmy.
Na trama, Cooper interpretou Jamie Miller (13 anos), preso pelo assassinato de uma adolescente de sua escola. O personagem passou por uma reviravolta chocante. No começo da história, ele apareceu assustado, confuso, amedrontado… Depois, demonstrou traços de psicopatia de botar medo em qualquer um.
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Pablo Cruz Guerrero – Chespirito: Sem Querer Querendo
Do começo ao fim de Chespirito, minissérie disponível completa na HBO Max, o ator mexicano Pablo Cruz Guerrero foi cirúrgico na pele de Roberto Gómez Bolaños, lendário comediante criador de Chaves, Chapolin Colorado e tantos outros personagens e programas humorísticos. Foi uma atuação bela e delicada.
O ator mandou bem quando mostrou a serenidade de Roberto ao lidar com atritos entre os integrantes de Chaves/Chapolin, emulando como agiu na vida real nessas situações de brigas e rachas.
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Poorna Jagannathan – Deli Boys
É muito bom ver Poorna Jagannathan roubando a cena toda vez que aparece em Deli Boys, na pele de Lucky. A trama tem como foco os irmãos paquistaneses-americanos, Mir (Asif Ali) e Raj (Saagar Shaikh), que procuram um rumo na vida após a morte do pai, um empresário magnata. Eles herdam o que acham ser nada mais nada menos do que um simples mercadinho de bairro.
Eles ficam doidos ao descobrir que o pacato estabelecimento não faz parte do império de loja de conveniência de seu pai. O local é, na verdade, fachada do crime, ponto onde o que se comercializa mesmo são entorpecentes.
Quem conta a real para eles é a fashionista dura na queda Lucky, a líder de fato dessa operação clandestina e braço-direito do pai dos irmãos. Ela precisa colocar os herdeiros do mercadinho na linha com o esquema.
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Ravel Andrade – Raul Seixas: Eu Sou
A série do Globoplay narra toda a trajetória de vida de Raul Seixas. É a trama biográfica sobre o Maluco Beleza, icônico pai do rock brasileiro que ganha vida na pele do surpreendente Ravel Andrade.
Ravel acertou todas as notas ao encarnar Raul, seja nas fases mais positivamente alucinantes do cantor, quando atingia níveis fora da compreensão humana ao compor as letras de suas músicas, ou nas fases mais baixas, quando lidava com a bebedeira, mal que acabou levando a melhor nessa batalha carnal.
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Rhea Seehorn – Pluribus
A competente atriz Rhea Seehorn voltou ao centro das atenções com Pluribus, nova produção de Vince Gilligan para a Apple TV. O espetáculo pertence a Rhea. É ela quem sustenta a narrativa, o tom e o impacto dramático. Sem sua presença, a proposta diferentona da série simplesmente não se sustentaria.
A atriz interpreta Carol Sturka, escritora amargurada que vive de publicar romances da linha trash. De forma abrupta, a realidade entra em colapso e todos ao redor parecem mudar instantaneamente, menos Carol. O planeta inteiro passa a conhecê-la, mas não de um jeito acolhedor. Promessas de felicidade eterna surgem de todos os lados, mas ela se recusa a ceder. Resta entender se sua resistência pode salvar o mundo ou se o mundo sequer precisa ser salvo.
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Wagner Moura – Ladrões de Drogas
O ator brasileiro Wagner Moura está na melhor fase de sua carreira. Ganhando todo tipo de prêmio, incluindo o do prestigiado Festival de Cannes, pelo filme nacional O Agente Secreto, o soteropolitano está em alta também na TV, concorrendo a grandes premiações da indústria hollywoodiana.
Pelo drama criminal Ladrões de Drogas, Moura foi indicado ao Critics Choice Awards. Na série da Apple, ele vive Manny Carvalho, um criminoso ético que busca redenção, personagem que proporcionou ao ator várias cenas épicas, desde as mais cômicas àquelas mais dramáticas.
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Menções honrosas: Billy Bob Thornton (Landman), Carrie Coon (A Idade Dourada), Greta Lee (The Morning Show), Helen Mirren (Terra da Máfia), Jaffar Bambirra (Dias Perfeitos), Kathryn Hahn (O Estúdio), Noah Wyle (The Pitt), Robin Wright (A Namorada Ideal), Troian Belissario (Plantão Policial), Paul Giamatti (Black Mirror), Johnny Massaro – Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



