Em uma era na qual há profusão de dramas médicos, The Pitt se sobressai como o melhor do gênero. A produção da Max encerra sua primeira temporada, nesta quinta-feira (10), em alta, justificando o rótulo de autenticidade ao destrinchar a dinâmica alucinante de um plantão de 15 horas em um pronto-socorro.
Ter o selo de qualidade dado por profissionais da medicina é bastante significativo. Vídeos e textos espalhados pela internet, feitos por médicos da vida real, contêm elogios à série justamente por ser precisa no retrato da rotina hospitalar em um setor de emergência. E isso vai além daqueles jargões que poucas pessoas decifram, a não ser quem é da área. Há sensibilidade no trato de questões pessoais que, invariavelmente, se misturam com as tensões do trabalho (e vice-versa).
O trunfo de The Pitt foi entregar uma ótima trama tendo somente um único cenário, o do hospital Pittsburgh Trauma Medical e suas fortes luzes fluorescentes. Houve destreza em evoluir as histórias de cada personagem nesse ambiente confuso e subfinanciado, permitindo ao público conhecê-los melhor.
É justo dar o crédito a quem fez isso com maestria, pessoas com pedigree por terem experiência em um dos dramas médicos mais consagrados da TV: Plantão Médico. The Pitt contou nos bastidores com produtores que trabalharam na série famosa: R. Scott Gemmill (showrunner) e John Wells. Além de Noah Wyle, astro de Plantão Médico e protagonista de The Pitt, servindo também na função de produtor.
The Pitt dedica uma incrível atenção aos detalhes, desde um passo a passo de alguma intervenção médica urgente a tomar cuidado com os figurantes que compõem as cenas ao fundo, para dar aquela cara de um pronto-socorro caótico. Tudo tomando cuidado com questões acerda da continuidade, afinal, a temporada se passou em um tempo real de 15 horas, cada uma delas tomando conta de um episódio.
A série foi muito bem em misturar casos pontuais com aqueles que duraram múltiplos episódios, sejam centrados nos pacientes ou nos funcionários do hospital. Rolou de operações simples, tipo leves torções, a situações delicadas, como uma mãe preocupada com a saúde mental do filho; ele tratado como um potencial atirador por demonstrar raiva incomum e apresentar comportamento suspeito.
Foram abordados assuntos diversos: financiamento hospitalar aquém do mínimo, agressão a profissionais da medicina, crime de ódio contra imigrante, cuidado com idosos, vício em remédios, acidentes domésticos, menor de idade querendo fazer aborto, gravidez interrompida precocemente… e muito mais.
Comprovadamente, The Pitt foi um acerto da Max, que apostou em um drama médico procedural, seguindo a fórmula de sucesso da TV aberta americana. A série do streaming da Warner superou em qualidade, ao menos, atrações absolutas e populares do gênero na atualidade, tipo Chicago Med e Grey’s Anatomy.
A pressão agora está com os roteiristas, que já estão desenvolvendo a segunda temporada, prevista para ser lançada nos primeiros meses de 2026. The Pitt brilhou sendo uma novidade na TV deste ano; resta saber como será o seu retorno daqui a alguns meses. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br