Caiu no colo da HBO a missão de satirizar a (saturada?) indústria de filmes de heróis. No domingo (6), às 23h, estreia a comédia A Franquia, sobre o caos que rola nos bastidores de um longa-metragem típico da Marvel ou da DC; atração também estará disponível no streaming Max.
A série chega com pedigree de respeito: o roteiro tem a assinatura de Jon Brown (Succession), que também é o showrunner; a produção-executiva tem como líder Armando Iannucci, criador da comédia multipremiada Veep; e a direção do primeiro episódio foi de Sam Mendes, vencedor do Oscar por Beleza Americana (2000).
A narrativa segue os trabalhos de uma equipe de um filme de franquia pouco popular que luta por seu lugar em um universo cinematográfico selvagem e confuso. É um convite para olhar por trás das câmeras desse maquinário que impera nas telonas, mostrando como a “salsicha cinematográfica” é feita. O resultado foi tão perfeito que chocou Daniel Brühl, ator com experiência na Marvel.
Durante a première da série, ele destacou a interseção da arte imitando a vida real. “Há tanta verdade na série que você não consegue acreditar”, enfatizou. “Quanto mais louco ficava, mais eu sentia que sim, essas coisas realmente acontecem.”
Brühl, que vive Eric, o diretor do filme de super-heróis no centro de A Franquia, tem lugar de fala. Ele atuou como vilão em duas superproduções da Marvel: no filme Capitão América: Guerra Civil (2016) e na minissérie Falcão e o Soldado Invernal (2021).
A nova comédia aproveita para tirar sarro de toda a parte da indústria hollywoodiana voltada apenas para fazer dinheiro. Nessa investida, muito lixo é produzido, filmes que não são apenas esquecíveis, mas ridicularizados pelo público, mídia especializada e até mesmo pelos atores que lá trabalham. Brühl mesmo confessou que já esteve na situação que muitos colegas também admitiram: topou fazer um filme bomba só para ter como pagar as contas.
Himesh Patel, que interpreta Daniel, primeiro assistente do diretor Eric, ecoou esse pensamento: “Estamos falando dos grandes filmes, sobre como eles saem do controle e precisam ser concluídos. Pois está em jogo o dinheiro, não o amor pelo cinema.”
Franquia apresenta muitos elementos desse universo, como situações nas quais a equipe de produção de um filme de gigantesco orçamento precisa apagar incêndios repetidamente para o show continuar, além de tentar manter o trem nos trilhos em meio à insegurança dos atores, surtos do diretor e resistência da produtora. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br