Os produtores de A Casa do Dragão prometeram um retrato do sexo diferente de Game of Thrones, a série mãe. E cumpriram. A primeira vez de Rhaenyra Targaryen (Milly Alcock), chegando ao orgasmo com o homem que escolheu, rebate a violência sexual encenada aos montes em GoT, com a mulher vítima de estupros e de tantos outros abusos.
No universo de A Casa do Dragão e Game of Thrones, Rhaenyra é uma privilegiada. Como destacado no quarto episódio da série filhote, a princesa se viu em uma posição única. A madrasta Alicent (Emily Carey) fez questão de lembrá-la disso. “É raro neste reino quando uma mulher pode escolher entre dois pretendentes. Imagina dezenas deles”, disse a rainha.
Porém, Rhaenyra não queria estar naquele posto, como se fosse uma posse a ser dada ao homem com a oferta mais tentadora. Ela ouviu propostas e mais propostas de tudo que é família de Westeros, de homens de todas as idades. Nada lhe agradou.
O casamento de Rhaenyra é fundamental para a família Targaryen, politicamente falando. Mas a jovem de 17 anos desejava mais do que um casório arranjado. Ela só aceitou um porque lhe seria favorável.
Orgasmo simbólico
Após ser levada para fora do castelo pelo tio, Daemon (Matt Smith), chegando os dois a irem a um bordel e trocarem carícias (coisas do universo de GoT), Rhaenyra voltou excitada para o seu aposento, guardado pelo atraente Ser Criston Cole (Fabien Frankel). Daí se deu a guinada de A Casa do Dragão.
Rhaenyra o seduziu e, após uma lenta tirada de roupas e armadura, foram para a cama e fizeram sexo por prazer. Ela se deliciou no ato, dominando posições e não ficando só estática a serviço do homem, como esteve Alicent ao ser penetrada grosseiramente e sem prazer pelo rei.
A jovem Targaryen desejava mais… Alicent só estava esperando aquilo acabar e ir ao banheiro (balde!) o mais rápido possível…
Game of Thrones teve casos avulsos de mulheres tomando a iniciativa no sexo e tendo prazer, como ocorreu em certas oportunidades com Ygritte (Rose Leslie), Yara Greyjoy (Gemma Whelan) e a própria Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), parente de Rhaenyra que sofreu todo tipo de abuso sexual possível na série.
O que Daenerys e outras mulheres passaram de sufoco nas mãos dos homens em Game of Thrones é mais lembrado do que os poucos momentos de controle próprio da situação. Foram muitos estupros em GoT, inclusive dentro do casamento. Isso virou assunto até fora do mundo do entretenimento, pautando a vida em sociedade.
Então, até agora, A Casa do Dragão realiza um bom trabalho ao fazer do sexo um ato de suma importância para a trama, algo de significado poderoso e essencial no desenvolvimento das personagens. É a trama filhote corrigindo tropeços de Game of Thrones.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
