
A Netflix decidiu não seguir adiante com uma segunda temporada de Boots, comédia dramática gay ambientada no universo militar norte-americano. Embora tenha sido bem aceita pela mídia especializada, apontando-a como uma das melhores do ano, a série recebeu duras críticas, como ser rotulada de “lixo woke” pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, órgão encarregado de coordenar e supervisionar as Forças Armadas.
O cancelamento chegou pouco mais de dois meses após a estreia da primeira (e agora única) temporada, composta por oito episódios. Vale registrar que Boots alcançou 90% de aprovação no Rotten Tomatoes e apresentou desempenho considerado sólido em audiência.
Internamente, na Netflix, havia defensores do projeto, e a plataforma do tudum iniciou negociações com a Sony Pictures Television, estúdio responsável pela produção, para preparar uma possível nova temporada. Na tentativa de ampliar as chances de renovação, a Sony estendeu, em agosto, os contratos de parte significativa do elenco principal.
Mas a decisão pelo fim do projeto veio de cima, dos executivos da Netflix. E é o fim mesmo, pois políticas de direitos de exibição e cláusulas de exclusividade da gigante do streaming tornam praticamente impossível que a Sony consiga, de forma independente, oferecer e produzir a atração para outras plataformas.
Boots segue os passos de um jovem gay durante o treinamento com o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Situada nos anos 1990, a trama é baseada em uma história real, apresentando uma jornada de amadurecimento no lugar mais improvável de todos.
Em nota, o Pentágono, sede do Departamento de Defesa americano, manifestou seu descontentamento com a comédia dramática. Kingsley Wilson, secretário de imprensa do órgão federal, afirmou que a atração “não representa de forma fiel” os valores das Forças Armadas sob a atual gestão de Donald Trump.
“Nossos padrões são de elite, uniformes e neutros em relação a gênero, porque o peso de uma mochila ou de um ser humano não distingue entre homem, mulher, gay ou heterossexual.”
O porta-voz foi além, acusando a Netflix de “ceder a uma agenda ideológica” e de “produzir lixo woke para seu público, incluindo menores de idade”. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



