
A série The Hunting Wives gabarita quando o assunto é quebrar tabus. Ambientada em um cenário cristão e conservador (setor alinhado à direita da visão de sociedade), a nova atração da Netflix, que estreia na segunda-feira (15), abala a estrutura tradicional que sustenta o discurso dos “bons costumes” com sexo lésbico quentíssimo (extraconjugal), relação carnal entre coroa madura e rapaz sarado, pastor jovem assediador e beberrão, dona de casa evangélica que maquina o mal…
Já exibida nos Estados Unidos, onde foi lançada em julho na própria plataforma do tudum, The Hunting Wives gerou uma repercussão fora da curva. Nas redes sociais, especialmente no TikTok, espectadores classificam a série como “insana” e fazem alertas bem-humorados sobre sua natureza explícita: não é conteúdo para ver com crianças circulando pela sala.
Esse alerta não é exagero. As cenas de sexo de The Hunting Wives são tão ousadas para uma série de TV, com nudez nítida e cortes de cena apimentados, que fazem sucesso em sites pornográficos.
Esse tipo de reação acompanha o tom assumido pela produção, que aposta em altas doses de erotismo, intrigas e comportamentos impulsivos.
Existe uma trama por trás disso, registra-se
No centro da história está Sophie (Brittany Snow), uma mulher de Massachusetts (Costa Leste americana) que vai morar no interior do Texas (Sul dos EUA, reduto conservador); ela faz essa transição acompanhada do marido.
A adaptação à nova rotina toma rumos inesperados quando ela conhece Margo Banks (Malin Åkerman), figura de prestígio no círculo social da cidade onde passa a morar.
Quando o corpo de uma adolescente é encontrado na floresta onde o grupo de mulheres, liderado por Margo, costuma fazer seus encontros, o encanto desmorona de forma brutal. Sophie entra na mira como a principal suspeita do caso, mas ela jura inocência.
A criadora Rebecca Cutter definiu o drama estilo “quem matou?” como uma investida em mulheres que desafiam convenções e assumem a transgressão sem culpa. Em entrevista ao site New York Post, a showrunner afirmou que teve como objetivo construir uma narrativa sobre desejo, poder e excessos, tudo envolto em uma atmosfera de diversão proibida. A base disso tudo é o livro homônimo publicado em 2021.
Carismática e irresistível, Margo é a referência do grupo de mães e socialites que alterna sessões de tiro com noites de festa ao lado de rapazes bem mais jovens. Seus envolvimentos amorosos atravessam convenções, ignoram rótulos e tensionam todas as relações ao redor.
A química entre Margo e Sophie torna-se um dos motores da série, que não economiza em cenas de sedução. Isso enquanto as personagens participam de cultos numa igreja evangélica e pregam valores cristãos. Ergue-se, assim, uma fachada para colocá-las acima de qualquer suspeita.
Quando aborda o relacionamento de mulheres mais velhas com novinhos, The Hunting Wives eleva o tom provocativo por inserir nesse caldeirão o filho do pastor-chefe da principal igreja da trama.
A mãe do garoto, vivida por Katie Lowes (Scandal), é a típica cristã dona de casa que idolatra o filho (com idade para entrar na universidade). Porém, tem um elemento bizarro adicional que deixa essa relação mais estranha, para pirar o cabeção dos moralistas: ela beija o filho na boca (selinho) e não considera problemático vê-lo pelado após ele sair do banho… •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



