ESTADO DE FUGA 1986

A trágica história real de Dissociação, nova série colombiana da Netflix

Ao longo de sete horas, atirador matou 29 pessoas e feriu 11
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Andrés Parra em pôster de Dissociação
Andrés Parra em pôster de Dissociação

Com o excelente Andrés Parra no papel de protagonista, a visceral minissérie colombiana Dissociação estreia na Netflix na quinta-feira (4). É a história de um veterano de guerra obcecado pelo poder das palavras e de um jovem escritor que se envolve tanto na ficção que começa a confundi-la com a realidade. A trama é inspirada no massacre mais brutal cometido por um único homem na Colômbia.

O enredo de Dissociação tem como base o ataque sangrento chamado de Massacre do Restaurante Pozzetto, que aconteceu em Bogotá, capital da Colômbia, em 4 de dezembro de 1986.

Camilo León (José Restrepo), jovem estudante de literatura,, descobre que seu amigo e mentor Jeremías Salgado (Parra) estava por trás do incidente. Acontece que León não se lembra dos dias anteriores ao crime e não sabe se poderia estar envolvido.

Tentando descobrir o que aconteceu, ele embarca no labirinto da mente do assassino e precisa confrontar as próprias ideias. É uma história inquietante sobre a fragilidade da razão, o fascínio da maldade e os laços invisíveis que ligam um escritor a um assassino.

A história real de Dissociação
Tudo o que envolve esse caso é bastante amplo. Em 4 de dezembro de 1986, Bogotá testemunhou um dos episódios mais sombrios de sua história. Ao longo de sete horas, o ex-militar Campo Elías Delgado, então com 52 anos, percorreu três endereços na zona leste da capital colombiana, deixando um rastro de destruição: 29 mortos e 11 feridos

A sequência de crimes começou em dois edifícios residenciais, onde Delgado assassinou nove pessoas, entre elas sua própria mãe. Vizinhos relataram que ele acionou o alarme de incêndio para fazer moradores saírem de seus apartamentos, facilitando o ataque.

Em seguida, o agressor seguiu para o restaurante Pozzetto, um ponto sofisticado e frequentado por famílias e executivos, onde a tragédia alcançaria proporções ainda maiores.

Delgado chegou ao estabelecimento por volta das 19h15. Frequentador assíduo, costumava sentar sempre na mesa 5, mas naquela noite optou pela mesa 20, possivelmente para observar melhor o salão.

Bem vestido e carregando uma pasta, ele chamou a atenção de seu garçom habitual, que estranhou sua presença em plena semana. Questionado, Delgado respondeu que comemorava “algo muito pessoal”.

Pouco depois das 21h, o silêncio do local foi rompido. Segundo testemunhas, o atirador sacou a arma e anunciou um assalto. Em pânico, a maioria dos clientes se abaixou. Delgado então passou a caminhar entre as mesas, exigindo dinheiro.

Quando as pessoas se inclinavam para pegar as carteiras, ele disparava duas vezes contra a cabeça de cada uma, a curta distância. Trinta e duas pessoas foram atingidas; dezenove morreram no local. A ação só terminou quando a polícia entrou no restaurante e matou o agressor.

As motivações por trás do ataque rapidamente se tornaram objeto de disputa. Nos dias seguintes, jornais atribuíram o massacre a possíveis traumas de guerra, alimentando comparações com episódios violentos ocorridos nos Estados Unidos e apelidando Delgado de “Rambo”.

A imprensa também explorou exaustivamente a relação conflituosa do atirador com a mãe e o impacto psicológico de ter presenciado o suicídio do pai.

Relatos posteriores revelaram que, para Delgado, a dificuldade em manter vínculos afetivos na Colômbia era culpa direta de sua mãe, a quem se referia de forma distante, chamando-a apenas de “essa senhora”.

Meses antes da chacina, vizinhos afirmaram ter ouvido discussões violentas e até agressões, seguidas de longos períodos em que ela era trancada no banheiro.

Em um livro, o psicólogo Edwin Olaya avaliou que Delgado possuía traços misóginos, mas destacou que o impulso homicida parecia estar mais ligado a um ressentimento profundo contra a sociedade colombiana.

Para o especialista, ele manifestava desprezo pelas instituições nacionais, marcadas pela corrupção e pela incapacidade de conter o avanço das guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), então um dos focos centrais do conflito interno que assolava a nação.

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