Prestigiado estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) mostra que a representatividade feminina no mundo das séries atingiu patamar histórico. Nunca se viu tantas mulheres protagonistas na TV americana, principalmente em produções de canais pagos ou em plataformas de streaming.
O levantamento com 70 páginas, organizado pelo Instituto de Pesquisa de Mídia e Entretenimento da UCLA, considerou a temporada 2020-2021, a mais recente examinada. Este é o nono relatório anual feito pelo departamento, que serve de guia para todos os profissionais de Hollywood.
Foram analisadas 407 séries no total (107 da TV aberta, 109 dos canais pagos e 191 dos streamings). Os programas faziam parte das programações de seis redes da TV aberta, 25 canais pagos e 21 streamings/plataformas digitais.
O estudo tem como objetivo traçar um panorama concreto e projetar melhorias no quesito representatividade, mostrando um retrato real da participação de pessoas não brancas e mulheres em toda a indústria do entretenimento americana, na frente e atrás das câmeras.
Mulheres: maioria ou em condição de igualdade
A parte sobre a representação feminina é o principal destaque deste ano. Essas pesquisas anuais vêm desde a temporada 2011-2012, quando os streamings estavam engatinhando. Agora, pela primeira vez, mais atrizes foram escaladas como protagonistas do que homens (58,6% x 40,9%) nas plataformas digitais, ultrapassando a marca geral da população americana (metade formada por mulheres).
O número mais baixo desses estudos se deu na temporada 2014-2015, com as mulheres pegando 35,2% dos papéis de liderança em uma série no streaming. Desde então, após cobranças e incentivos, a representação feminina melhorou.
Na TV paga, o cenário é de paridade no protagonismo de séries: 50% homens x 49,1% mulheres. Durante anos, a cota feminina esteve abaixo dos 38%. Nas últimas cinco temporadas pesquisadas, a proporção praticamente não se alterou, com as mulheres ficando na casa dos 43%, em média. Então, em 2020-2021, ocorreu um salto importante.
Enquanto isso, nas emissoras de sinal aberto a situação está longe da igualdade, porém melhor do que na temporada anterior. A representatividade feminina era de 37,5% nos papéis de protagonistas em 2019-2020. Doze meses depois, a fração passou a ser de 44,3%.
No primeiro estudo feito, o da temporada 2011-2012, foi a única vez que foram registradas mais mulheres protagonistas do que homens em atrações da TV aberta americana: 51,5% x 48,5%.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br