
Chegou ao fim mais um drama policial de qualidade produzido pela HBO. No domingo (19), foi lançado o último episódio de Task, drama estrelado por Mark Ruffalo que terminou com uma combinação de dor, redenção e serenidade. O ator, em entrevista ao site Entertainment Weekly, falou sobre o encerramento da trama. Brad Ingelsby, showrunner da série, também fez comentários sobre as decisões tomadas no desfecho; foi ele quem assinou o roteiro do capítulo final.
[Atenção: spoilers a seguir]
Na conclusão de Task, o agente do FBI Tom Brandis (Ruffalo) finalmente encontra paz após anos sendo corroído por causa da culpa e raiva pela morte da mulher, assassinada pelo próprio filho adotivo durante um surto psicótico.
Ao longo da trama, todas as ramificações emocionais que se acumularam, da traição de Grasso (Fabien Frankel), da morte trágica de Lizzie (Alison Oliver) e Robbie (Tom Pelphrey) e dos ecos da violência do grupo criminoso Corações Negros, convergem para um único ponto: o momento em que Tom escolhe o perdão.
A decisão vem depois de uma série de perdas brutais, incluindo o sacrifício de Robbie e a redenção tardia de Grasso, que, gravemente ferido, emprega suas últimas forças para salvar Maeve (Emilia Jones) de um ataque.
No clímax emocional do episódio, Tom resolve prestar ele mesmo o depoimento que poderia libertar Ethan (Andrew Russel), seu filho, impedindo que sua filha Emily (Silvia Dionicio) carregue esse peso. O gesto simboliza o fim de um ciclo de ressentimento. Como explicou o criador Brad Ingelsby, o personagem “precisava se livrar da raiva em relação ao filho” e recuperar a clareza.
Paralelamente, Tom enfrenta outro dilema devastador: entregar o pequeno Sam (Ben Doherty), o garoto de quem vinha cuidando após uma sequência de tragédias. Ruffalo definiu a escolha como “dolorosa, mas necessária”, já que manter o menino seria uma tentativa de preencher um vazio pessoal, e não o melhor para a criança. “É uma decisão imperfeita, e por isso mesmo tão comovente”, afirmou o ator.
O showrunner, também responsável por Mare of Easttown, compara a jornada de Tom à influência daqueles que cruzaram seu caminho: Lizzie, Robbie e Maeve. “O sacrifício deles dá esperança ao agente veterano. No fim, Tom acredita que, mesmo ao abrir mão do menino, tudo ficará bem. É uma fé conquistada com sofrimento”, disse Ingelsby.
A última cena sintetiza essa transformação. Tom, agora em silêncio, observa pela janela enquanto a cortina balança suavemente com o vento. Para Ingelsby, o momento carrega um simbolismo profundo: “É o espírito da mulher dele ali. Ela sempre lutou pelos filhos, até pelo próprio Ethan. Tom não está sozinho; ele leva consigo tudo o que sua mulher lhe ensinou.”
Entre perdas e reconciliações, Task cruzou a linha de chegada não com respostas definitivas, mas com a sensação de que o perdão, ainda que tardio, pode devolver um sopro de vida; e uma cortina que se move, leve, é o bastante para traduzir isso. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br