
A Netflix lançou, na última quinta-feira (25), a minissérie Desobedientes (Wayward), suspense ambientado em uma pequena cidade marcada por segredos obscuros e moradores de reputação duvidosa. No centro da trama está uma instituição para jovens problemáticos, cujo funcionamento suspeito logo se revela peça-chave da narrativa.
Entre os personagens que movimentam a história estão a enigmática diretora Evelyn, vivida por Toni Collette, e o policial recém-chegado Alex Dempsey, interpretado por Mae Martin, que também assina a criação da série ao lado de Ryan Scott. Completa o trio central Laura, a mulher grávida de Alex (papel de Sarah Gadon).
Em entrevista ao site Variety, Mae Martin falou sobre a escolha final de seu personagem, que embarcou em uma ferrenha jornada para derrubar de vez a escola fictícia Tall Pines Academy.
[Atenção: spoilers a seguir]
Alex chegou a uma encruzilhada. Um caminho levava para longe da cidade Tall Pines e de toda aquela gente surtada, incluindo Laura, que assumiu a postura de líder de uma seita; nesse caso, ela teria de “raptar” o seu próprio bebê recém-nascido e pegar a estrada. Outra escolha seria ficar por lá mesmo, no meio do caos, e tentar viver o sonho de uma família nuclear, heteronormativa.
Alex escolheu a segunda opção.
“O final de Alex não é ambíguo”, defendeu Mae. “Talvez ele só não tenha feito a escolha que vocês [espectadores] queriam. Alguns personagens acabam tomando decisões decepcionantes e muito humanas [no fim da história].”
Para Scott, a decisão de Alex é clara: “É uma escolha que muitos de nós fazemos durante a vida adulta. Não estamos sempre dispostos a arriscar tudo para fazer o que é certo. Muitas vezes, a vida adulta é isso. Não gostaria que fosse, mas às vezes é.”
A dupla de showrunners também comentou a ligação especial entre Evelyn e Laura, destacada na brisa de Evelyn (dopada) e no trabalho de parto de Laura.
“Esse ensaio da morte de Evelyn significa o nascimento de Laura”, contou Scott. “As conexões temáticas entre vida e morte eram muito poderosas. Parecia inevitável ligar essas histórias, unir o declínio e a ascensão como se fosse um acorde de poder.”
Completou Martin: “É uma transição para as duas, e um ponto central ao olhar para o trauma e ver essa nova geração nascer.”
Martin, contudo, destacou que Evelyn não está necessariamente morta. “Ela está em estado vegetativo, sim. Eu teria curiosidade em saber se algum dia sairia disso, mas definitivamente está vegetativa”, revelou a criadora e atriz.
Dito isso, não há intenção de fazer uma segunda temporada de Desobedientes. “Acredito que a narrativa funcione como minissérie”, disse Martin. “Mas, claro, é divertido imaginar o que poderia acontecer depois [do ponto-final]”. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br